Zumbido no ouvido pode estar relacionado à depressão

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Uma pesquisa da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) realizada com pacientes que sofrem com zumbido no ouvido relacionou o fenômeno com aspectos psicológicos, em especial entre idosos.

O estudo da psicóloga Rosa Maria Rodrigues dos Santos aponta que a percepção de música e vozes sem fonte sonora externa, classificada como fenômenos alucinatórios, típico do zumbido, está associada não apenas as questões orgânicas como a perda de audição, mas também com aspectos emocionais dos pacientes, como a depressão.

O trabalho surgiu a partir de relatos, cada vez mais frequentes, de pacientes do Grupo de Pesquisa em Zumbido da Clínica Otorrinolaringológica do Hospital das Clínicas da FMUSP, onde Rosa atua na área psicológica.

Idosos

Os pacientes, todos com perda de audição e, em sua maioria, idosos, relataram que ouviam músicas ou vozes, que se caracterizaram pelo chamado do próprio nome ou por falas incompreensíveis.

Tanto esses fenômenos quanto o zumbido eram percebidos com muita frequência ou até mesmo constantemente, em alguns casos.

Durante um ano, dez pacientes do ambulatório referiram tanto o zumbido quanto essas outras percepções complexas. Todos foram encaminhados para a pesquisa, passando por duas a quatro entrevistas para avaliação psicanalítica, além da aplicação de outros instrumentos para o estudo. “Nenhum dos entrevistados foi considerado psicótico por meio desta avaliação”, relata a psicóloga.

– Mas todos os participantes apresentaram alguma questão relacionada à depressão, que se manifestava em diferentes níveis, seja leve, moderado ou grave.

Perda da audição e desamparo

Segundo a pesquisadora, a perda de audição no idoso favorece a quebra do contato com o outro, diminuindo a sustentação social e afetiva. “Hoje se diz que os idosos são mais ativos, mas muitos estão às voltas com o isolamento, sem condição de se colocarem no mundo, o que favorece o sentimento de tristeza e de desamparo”, alerta.

– Muitas vezes, a depressão na terceira idade é sub-diagnosticada, sendo pouco percebida pelo próprio idoso e por seus familiares.

Para os pacientes entrevistados, ouvir o chamado do próprio nome ou uma música especial, por intermédio do fenômeno alucinatório, refletia uma forma de lidar ou diminuir o desamparo, conclui o trabalho.

Segundo Rosa, a insistência dos sintomas pode prejudicar a qualidade de vida da pessoa, tendendo a piorar aspectos depressivos, bem como o sofrimento com o zumbido ou com os fenômenos alucinatórios, se houver.

Portanto, o ideal, segundo a psicóloga, é que os médicos estejam mais atentos aos relatos dos pacientes durante as consultas. “Se a pessoa apresenta a característica de evocar eventos desagradáveis de modo excessivo, associados ao zumbido ou não, o médico pode encaminhá-la para uma avaliação psicológica mais detida”, recomenda.

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EPISÓDIO 1

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