Paulo Coutinho/Divulgação Eder conversa com o advogado Paulo Lessa na Justiça Federal |
Depois de passar mais de 6h nas dependências da Justiça Federal, em Cuiabá, nesta quinta-feira (31), o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes (PMDB), deixou o local dentro de uma viatura da Polícia Federal (PF) e utilizou uma pasta de papel para esconder o rosto tentando evitar que fosse filmado ou fotografado. A viatura foi colocada dentro da garagem e o portão foi fechado para ele entrar no veículo sem ser visto. Eder estava sentado no banco traseiro do lado direito e saiu do local às 18h50.
Moraes chegou ao local bem antes do horário previsto para começar a audiência do processo originado da Operação Ararath que apura crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro e tem ele e outras 3 pessoas como réus. Assim, conseguiu “fugir” de jornalistas que foram para a Justiça Federal a partir das 13h e não conseguiram ver e nem fazer imagens de Moraes. Os depoimentos começaram entre 13h e 13h30.
Ele está em Cuiabá desde o dia 23 de julho quando chegou algemado e escoltado em um avião da Polícia Federal. Na Capital, ele tem acompanhado de perto as audiências no processo onde é réu juntamente com sua esposa Laura Tereza da Costa Silva, o ex-secretário-adjunto de Fazenda, Vivaldo Lopes e o superintendente do Bic Banco MT, Luiz Carlos Cuzziol.
A defesa de Eder tenta na Justiça Federal de Mato Grosso conseguir uma autorização para que ele permaneça preso em Cuiabá e não mais no Complexo Penitenciário da Papuda em Brasília. Ele aguarda o julgamento de recursos e habeas corpus impetrados no Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1) e no Supremo Tribunal Federal (STF) com intuito de relaxar a prisão preventiva decretada no decorrer das investigações por crimes contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro conduzidas pela Polícia Federal e do Ministério Público Federal (MPF). Preso desde o dia 20 de março quando foi deflagrada em Mato Grosso a 5ª etapa da Operação Ararath, Eder já é réu em um processo originado da Ararath. O advogado Paulo Lessa disse que o pedido ainda não foi analisado pelo juiz federal Jeferson Schneider.
Nesta quinta-feira (31) foi realizada mais uma audiência de instrução no processo e Eder acompanhou de perto todas as oitivas. Estavam previstas para serem ouvidas 8 tesmunhas de defesa arrolada pelos réus. Sete delas deveriam estar presentes no gabinete da 5ª Vara Federal e apenas 1 seria ouvida por meio de videoconferência.
Daniel Santos Eder aparentava estar tranquilo e não ficou algemado durante as oitivas de testemunhas |
Uma das testemunhas ouvidas, o auditor-geral do Estado, José Alves Pereira, disse ao deixar o prédio da Justiça Federal, que Eder estava tranquilo acompanhando todos os interrogatórios e não usava algemas dentro do gabinete do juiz Jeferson Schneider.
Na saída, Eder foi retirado pela garagem do prédio. Para evitar que fosse filmado ou fotografado, uma viatura da Polícia Federal foi colocada dentro da garagem e o portão foi fechado. Um minuto depois a viatura saiu rapidamente com Eder sentado no banco traseiro do lado direito. Ele usava uma pasta de papel para esconder o rosto, pois pelo menos 4 equipes de TV e alguns fotógrafos estavam de plantão para registrar imagens. Ao final das oitivas, o advogado de Eder também não falou com a imprensa.
O advogado de Eder, Paulo Lessa disse no começo da tarde, antes das oitivas, que entre as testemunhas ouvidas estavam também o ex-auditor do Estado, José Gonçalves Botelho, o ex-procurador João Virgílio do Nascimento Sobrinho e também o atual secretário de Planejamento do Estado, Arnaldo Arnaldo Alves. Eles foram ouvidos e deixaram o prédio sem falar com a imprensa. A colunista social Karina Nogueira, ex-mulher do empresário Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça, pivô de toda a operação Ararath, mas que está na condição de colaborador da Justiça, também estava prevista para ser ouvida, porém, não compareceu à audiência. Lessa disse que ela não foi dispensada. E dessa forma existe a expectativa de que Karina talvez possa ser ouvida nesta sexta-feira (1º), quando acontece mais uma audiência de instrução no processo.
Único a falar com jornalistas após ser ouvido, o auditor José Alves disse que não defendeu e nem acusou ninguém. Ele explicou que respondeu aos questionamentos feitos pela acusação, ou seja, o Ministério Público Federal e pela defesa de Eder. Porém, ressaltou que não podia comentar o teor das perguntas e nem suas respostas, pois o processo corre sobre segredo de Justiça. Ele foi ouvido durante 1 hora. “Fomos chamados aqui em decorrência dos processos que Auditoria Geral do Estado atuou. Da mesma forma que a Auditoria sempre atuou de forma autônoma, nosso depoimento também foi um depoimento autônomo e a gente espera ter contribuído com a Justiça”, disse ele.
Ex-secretário de Fazenda e apontado como principal operador de esquema de lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro, Eder sempre alegou ter agido a mando do ex-governador Blairo Maggi (PR), hoje senador e do atual governador Silval Barbosa. Ambos foram arrolados por Eder como testemunhas de defesa, mas conseguiram uma decisão na Justiça Federal e não precisaram depor a favor de Moraes.