O Palmeiras fez de tudo para voltar à Série B do Campeonato Brasileiro no ano em que completou um centenário de história, ainda assim, graças a um dramático empate por 1 a 1 com a equipe reserva do Atlético-PR – já sem pretensões na competição -, no Allianz Parque e ao rival Santos, que bateu o Vitória por 1 a 0, em Salvador, o Alviverde Imponente, rebaixado em 2002 e 2012, permanecerá na elite em 2015.
Com um ponto somado nas últimas sete rodadas, o time de Dorival Júnior termina com 40, mesmo número que o Bahia, mas com maior número de vitórias e dois pontos a mais que o Vitória. Caem a dupla Ba-Vi, Botafogo e Criciúma.
O Palmeiras chegou a ficar no grupos dos quatro piores quando levou 1 a 0 de Ricardo Silva, e o Bahia saiu na frente do Coritiba, no Paraná. A salvação foi o gol de Henrique em pênalti assinalado por bola na mão de Dráusio, tudo no primeiro tempo.
Os 45 minutos restantes foram do time da casa tentando pressionar o adversário do jeito que dava, todas as limitações como um peso no tornozelo, comandado por um Valdivia que criticado por não entrar em campo em partidas decisivas, foi para a decisão e mesmo mancando por dores na coxa esquerda, acabou como resquício de lucidez.
No final das contas, a energia que trouxe boas notícias aos torcedores foi a dos radinhos de pilha, de onde veio a notícia do fiasco do Vitória contra o Santos.
O gol da virada não saiu, o Palmeiras, derrotado pelo Sport na estreia da Allianz Parque, segue sem vencer na nova casa, mas o ano termina com sensação de alívio.
Só que era a faixa pendurada na grade da moderna arena quem representava o verdadeiro sentimento do fã saudoso do velho Palestra Itália: ‘Queremos lutar por títulos, não contra o rebaixamento.’
O jogo
Valdivia queria jogo, começou distribuindo bons passes e pedindo a bola. Mas a defesa alviverde não demonstrava a mesma segurança. Lúcio causava calafrios na torcida ao tentar sair jogando e provocava desespero quando estava marcando.
Aos nove minutos, Fernando Prass fez grande defesa em chute de Dellatorre, antecedido por uma ‘entortada’ no veterano zagueiro adversário. No rebote, Gabriel Dias tirou finalização de Nathan em cima da linha. A bola saiu para escanteio, e ai não houve quem salvasse. Ricardo Silva subiu mais alto que Lúcio, cabeceou para a rede e marcou 1 a 0, seu primeiro gol com a camisa do Atlético.
Como não esperar drama e sofrimento deste Palmeiras?
Instantes depois, o Bahia anotou 1 a 0 contra o Coritiba, no Couto Pereira, deixou a zona de rebaixamento e empurrou o Alviverde Paulista para o grupo dos quatro piores.
Valdivia, a essa altura da peleja puxando a coxa esquerda que quase o impediu de atuar, dominava e gesticulava, já não apareciam companheiros para serem acionados. Membros da comissão técnica palmeirense puxavam os cabelos nas tribunas do Allianz Parque, e torcedores cuspiam palavrões.
Aos 18 minutos, um presente do céu, João Pedro chutou de longe, o árbitro adicional viu mão do zagueiro Dráusio dentro da área, e Leandro Vuaden apontou para a marca da cal. Henrique, vice artilheiro do Brasileirão, com 16 gols – o fluminense Fred terminou com 18 – assumiu a responsabilidade e empatou a partida de pênalti.
O Verdão estava salvo novamente.
E manteve-se assim graças a Prass, afastando outra conclusão nas costas de Lúcio, desta vez de Nathan, além de rebater uma boa cabeçada de Douglas Coutinho e graças ao Santos, que empatava com o Vitória, em Salvador. Weverton impediu a virada palmeirense após chute do criticado Wesley, pouco antes do intervalo.
Foi um dos poucos momentos do meia, substituído por Cristaldo no início da etapa final sob gritos raivosos de ‘Ei, Wesley, vai tomar no c…!’ de quase toda arquibancada.
A sorte prosseguiu do lado verde, comprovou-se pelo arremate torto de Mário Sérgio no encerramento de uma fila de dribles. Nem mesmo quando o zagueiro uruguaio Victorino, apenas nove atuações pela equipe no ano, entrou no lugar do lesionado Nathan a rede de Prass voltou a ser balançada.
Último a retornar para o segundo tempo – permaneceu mais tempo no vestiário realizando fisioterapia -, Valdivia ainda não conseguia chutar a gol, mas continuava tentando servir os colegas.
A partida terminou em 1 a 1 no Allianz Parque, porém, ninguém comemorou. Nem poderiam. Restava saber o resultado no Barradão. Quando Thiago Ribeiro balançou a rede para o Santos, houve festa. E houve gritos de ‘time sem vergonha.’