O Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso vive momentos de tensão interna por causa do processo de expulsão da senadora Serys Marli que já foi à vontade da grande maioria dos petistas ligados ao grupo liderado pelo ex-deputado e secretário-executivo do Ministério da Educação, Carlos Abicalil e que reuniria ainda os deputados, federal, Ságuas Moraes e Estadual, Alexandre César. O único neutro nas discussões, sem pender para um ou para outro lado seria o deputado Ademir Brunetto.
O desentendimento é tamanho que na última reunião, Ságuas Moraes teria se colocado de forma veemente contra a expulsão, defendendo apenas uma suspensão da senadora que teria nas eleições de 2010, apoiado outras candidaturas que não as do grupo e da Coligação então liderada pelo governador Silval Barbosa (PMDB). Ságuas teria ameaçado renunciar a presidência do partido se não houvesse um entendimento por uma punição menos onerosa a uma militante que tem mais de 20 anos de trabalhos pelo PT. Em Brasília para votação do Código Florestal, o deputado não foi encontrado para falar a respeito dos desdobramentos da questão envolvendo o PT e a ex-senadora Serys Marli.
A rusga interna entre o presidente do partido e outros parlamentares ficou claro ao ponto de ser solicitada uma nova reunião interna, antes do dia 29, próximo domingo, data marcada para a reunião do Diretório Regional com 47 membros que terá a palavra final no processo de expulsão decidido por maioria pelo Conselho de Ética do Partido dos Trabalhadores que dos cinco votos deu três pela expulsão e dois contrários.
Desde as disputas internas que antecederam o pleito de 2010, o clima entre os petistas sempre foi de beligerância, ao ponto de declarações desastrosas que motivaram os processos de expulsão da senadora, do vereador por Cuiabá, Lúdio Cabral, da ex-deputada e secretária-adjunta da Secretaria de Justiça, Verinha Araujo e da suplente de deputada Eroísa de Mello. Os últimos três foram apenas punidos com suspensão partidária.
Quando aceitou disputar as prévias do PT, a então senadora Serys Marly, abdicou de uma condição que seria de candidata natural, por já estar no exercício do cargo, abrindo disputa interna com o então deputado federal e presidente do PT, Carlos Abicalil que se sagrou vencedor das prévias e assumiu a condição de candidato ao Senado.
O resultado das prévias acabou projetando publicamente uma crise que afetou e abalou o PT perante a sociedade, ao ponto depois de muitas discussões de Serys assumir a condição de candidata a deputada federal. Mas o resultado foi desastroso, ambos, Abicalil e Serys perderam as disputas, relegaram o partido a uma condição menosprezada com apenas dois representantes eleitos, Ságuas Moraes como deputado federal e correndo o risco de perder o mandato por questões legais na definição do quociente eleitoral e Ademir Brunetto, estadual no segundo mandato.
O certo mesmo é que o PT terá uma decisão difícil pela frente. Punir aqueles apontados como infiéis e se desgastar ainda mais, ou promover punições menos severas, mas também sem grandes repercussões perante o eleitorado que permita ao partido disputar eleições municipais em 2012 e regionais em 2014 em condições de ter um desempenho a altura do Partido que governa o partido há mais de oito anos e rumo aos 12 anos de poder.
Sem Definição
Serys terá no dia 29, perante o Diretório Regional, 10 minutos para se defender da decisão da Comissão de Ética do Partido dos Trabalhadores e precisa reverter a grande maioria dos votos 47 que são ligados aos deputados Carlos Abicalil, Ságuas Moraes e Alexandre César, este último o mais radical e que não recua da posição de expulsar a ex-senadora.
Fora isto, em 05 de agosto a Direção Nacional do Partido dos Trabalhadores se reúne para discutir a questão, atendendo a um apelo feito pela ex-senadora de Mato Grosso. O presidente Rui Falcão, confirmou a reunião e disse que a instância superior pode tomar uma decisão diferenciada do Regional, mas frisou que primeiro teria que conhecer a realidade dos fatos para então definir qual o melhor caminho a ser seguido.