O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento paralisou a exportação de frangodos frigoríficos Mineiros (GO), Rio Verde (GO) e Carambeí (PR) – 3 estabelecimentos da BRF envolvidos na Operação Trapaça.
Em nota, a pasta pontuou que as exportações foram suspensas para países que “exigem requisitos sanitários específicos de controle e tipificação de Salmonella spp“.
De acordo com a Folha de S.Paulo, a comercialização foi interrompida para 12 destinos, como a União Europeia, o Vietnã, a Coreia do Sul e Israel.
Nesses países o percentual aceito de Salmonella spp é inferior ao tolerado no Brasil (20%). A operação investiga justamente a fraude em laudos e processos que tinham como objetivo impedir que o Ministério da Agricultura fiscalizasse a qualidade do processo industrial da BRF.
“As investigações demonstraram que 5 laboratórios credenciados junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e setores de análises de determinado grupo empresarial fraudavam resultados de exames em amostras de seu processo industrial, informando ao Serviço de Inspeção Federal dados fictícios em laudos e planilhas técnicos”, diz a nota divulgada pela PF.
Sem riscos à saúde
Embora pareça nociva, é normal que a Salmonella spp esteja presente em carne de aves. O microorganismo, no entanto, é destruído quando o produto é submetido a altas temperaturas, seja frito ou cozido.
A ressalva é feita tanto pelo ministério quanto pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e pela própria BRF.
Em entrevista coletiva, o coordenador-geral do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do ministério, Alexandre Campos da Silva, destacou que dos mais de 2 mil tipos de salmonela apenas 2 são prejudiciais à saúde pública e outros 2 à saúde animal.
Segundo ele, nenhum dos que oferecem risco foram encontrados.
“Ao consumidor, é importante esclarecer: não há riscos! A investigação se relaciona com as análises de presença do grupo de Salmonela spp, que são destruídas durante o cozimento dos alimentos”, diz a Associação Brasileira de Proteína Animal, em nota.
A BRF se defendeu das acusações e argumentou que a investigação da Polícia Federal não trata de algo que possa causar dano à saúde pública.
A empresa também é investigada pela prática de adulterar a rastreabilidade do composto Premix, utilizado como complemento vitamínico e mineral às rações fabricadas pela empresa, seja por inserir componentes não permitidos, seja por alterar as porcentagens dos componentes indicadas nas etiquetas. Sobre esse fato, a BRF diz que os processos de produção do Premix seguem normas técnicas nacionais e internacionais.
“Pela rastreabilidade do produto, é possível identificar tudo o que foi incluído no Premix, suas concentrações, origem e destino. Para cada fase da vida do animal, existe uma composição diferente de Premix”. A BRF alega que os e-mails revelados pela investigação são de 3 anos atrás e o teor das mensagens está sendo investigado pela empresa.
(Com Agência Brasil)