João Arcanjo Ribeiro, atualmente preso em uma unidade de segurança máxima em Porto Velho (RO), considerado o ex-chefão do crime organizado em Mato Grosso, foi condenado pela Justiça mato-grossense a mais 9 anos de prisão em regime fechado pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa cometidos por sua organização criminosa em Cuiabá, Cláudia e Sinop. Conforme os autos, os crimes de corrupção ativa foram concretizados ao oferecer vantagens ilícitas a membros da Polícia Civil para liberação de comparsa preso, motocicleta apreendida e ainda para a realização de ação policial em pontos de atuação de bicheiro concorrente.
Arcanjo está preso desde 2004 por diversos crimes pelos quais já foi condenado. Ele responde por 5 processos de homicídios, referentes a 9 vítimas, além de crimes de ordem financeira como peculato e lavagem de dinheiro, sendo que alguns deles a defesa conseguiu suspender no início deste ano. Entre os homicídios está o do jornalista Sávio Brandão que ainda aguarda julgamento até hoje apesar da sentença de pronuncia ter sido proferida em 2006.
O genro de Arcanjo, Geovane Zem Rodrigues, também foi sentenciado e pegou 7 anos, 3 meses e 10 dias de prisão em regime semi-aberto pelos mesmos crimes do sogro. Consta no processo que Geovane é o herdeiro das ações do grande chefe e mentor. Após a prisão de João Arcanjo, Geovane encarregou-se de continuar chefiando e controlando as atividades ilícitas do grupo. A sentença foi proferida pela juíza Selma Rosane Santos Arruda da Vara Especializada Contra o Crime Organizado de Cuiabá na última sexta-feira, 31, de maio.
Além de Arcanjo e Geovane, outras 6 pessoas também foram condenadas, entre elas a delegada Helena Yloise de Miranda Lourenço da Polícia Civil condenada a 3 anos de prisão em regime aberto e à perda do cargo por corrupção passiva. De acordo com a decisão, a delegada aceitou propina para realizar a ação policial que favorecia Arcanjo. Com Helena Yloise não ficará presa, além da perda da função pública ela terá limitação de fim de semana e terá que prestar serviços à comunidade.
Também foram condenados os réus Awanio Moreira da Silva (3 anos e 9 meses), Silvio Alexandre de Menezes (2 anos de prisão), Agnaldo Gomes de Azevedo (2 anos e 6 meses de prisão em regime aberto) e Rene Robert Lima (2 anos e 8 meses) que eram comandados de Arcanjo e Geovane. Porém, todos eles vão cumprir as penas em regime aberto, convertidas em prestação de serviços à comunidade, cuja localidade ainda não foi definida pela Justiça.
Em sua decisão a magistrada destaca que “a corrupção é um mal que está ligado umbilicalmente ao subdesenvolvimento das nações. Esse crime pode impedir o crescimento de países como o Brasil, a Rússia, a Índia e a China, já que inibe a vinda de investidores externos, graças à falta de credibilidade. O combate à corrupção é crucial para que o Brasil tenha perspectiva de futuro digno”.