O prefeito de Pontes e Lacerda (448 km a Oeste de Cuiabá),
Donizete Barbosa (PSDB), disse nesta terça-feira (5) que teme pela segurança do
Município, em razão da permanência do garimpo ilegal na região da Serra da
Borda.
Conforme Barbosa, apesar de a Justiça Federal ter
determinado, em 26 de dezembro, uma nova desocupação total da área, ainda não
há esclarecimento de como serão realizadas as medidas de reintegração da
propriedade.
“Mesmo com essa nova determinação para a reintegração
federal, as pessoas continuam garimpando normalmente na área. Essa situação nos
preocupa muito”, disse.
A Justiça estipulou o prazo de 30 dias para que o Governo
Federal e o Governo Estadual elaborem e cumpram um planejamento para a desapropriação
do garimpo.
Para o prefeito de Pontes e Lacerda, a prática ilegal de
extração do minério traz insegurança e danos ambientais.
Ele acredita que a falta de informações sobre como será
cumprida a decisão judicial é preocupante.
Estão protelando essa nova reintegração, está demorando
muito. O garimpo está perigoso desde que começou
“Estão protelando essa nova reintegração, está demorando
muito. O garimpo está perigoso desde que começou, mas agora está havendo uma
maior facilidade para garimpar”, disse.
Barbosa informou que os ocupantes do garimpo da Serra da
Borda estão utilizando métodos mais invasivos para a exploração.
“As pessoas começaram a utilizar máquinas pesadas para a
extração do ouro e isso está se tornando mais perigoso ainda”, disse.
“O juiz tem que notificar a Polícia Federal para fazer um
estudo, junto com o Estado, para definir o quanto antes a reintegração de
posse”, completou.
A presença de pessoas de outras regiões para a exploração
ilegal continua crescendo, conforme o prefeito.
“Muitos forasteiros continuam na cidade, criando assim uma
população flutuante”, afirmou.
O aumento da criminalidade na região do garimpo, conforme
destacou Ação Civil Pública do Ministério Público Federal, também é um dos
itens que preocupam o prefeito.
“Alguns crimes acabam acontecendo e se cria uma
instabilidade. A preocupação é grande, pois as pessoas estão garimpando sem
controle e sem segurança”, declarou.
Barbosa faz críticas ao Governo Federal, apontando-o como
“omisso”, por não ter demonstrado nenhum posicionamento desde que os garimpeiros
retornaram à região.
“Não houve ênfase maior desde que aconteceu a primeira
desocupação. Retiraram brilhantemente as pessoas que estavam no local, mas
faltou manutenção dessa reintegração”, argumentou.
Garimpo Pontes e Lacerda
Ocupantes de garimpo retornaram ao local em dezembro, após
desocupação.
“Sempre preguei a exploração do ouro, mas de modo
legal. Continuo defendendo que, depois da legalização, seja criada uma
cooperativa para os garimpeiros da região”, afirmou.
Entenda o caso
A busca pelo dinheiro, aparentemente fácil, foi uma das
motivações para a “Febre do Ouro”, em Mato Grosso.
A corrida pelo minério, em Pontes e Lacerda (448 km a Oeste
de Cuiabá), teria começado em 12 de outubro de 2015.
Na época, cerca de 600 pessoas invadiram a área, após a
divulgação de que uma grande quantidade de ouro fora encontrada no local.
A disseminação de fotos e vídeos nas redes sociais, muitos
deles frutos de montagens falsas, colaborou para intensificar a invasão, que
chegou a receber mais de cinco mil pessoas.
Aventureiros acorreram de outros estados do Brasil ou até
mesmo de outros países, em busca do ouro que, conforme afirmavam, era abundante
na região.
Em 16 de outubro, a Justiça Federal determinou o
encerramento imediato de todas as atividades de extração de ouro na área.
O local foi esvaziado durante a operação “Terra do Nunca”,
da Polícia Federal, que desocupou a área no dia 10 de novembro.
Após o garimpo ser completamente esvaziado, algumas pessoas
retornaram à região no final do ano. Em 15 de dezembro, a estimativa era de que
mais de duas mil pessoas haviam retornado à região.