Se há um dia em que mentir não pega mal é 1º de abril, Dia Mundial da Mentira. No demais, a "mãe" da falsidade e da dissimulação não só é mal vista, como considerada má conduta.
Para os mentirosos de plantão, que acham mentir uma necessidade, segue um alerta: fazê-lo em excesso pode significar, mais do que uma fuga, um distúrbio de personalidade. Segundo os psiquiatras consultados pelo R7, isso tem nome: mitomania.
De acordo com a psiquiatra Fátima Vasconcellos, da Associação Brasileira de Psiquiatria, os mitômanos, como são chamados, são pessoas compulsivas que sofrem de algum transtorno de personalidade.
– Pessoas mentem pelos mais variados motivos, mas um grupo de pacientes tem uma alteração do comportamento chamada mentira patológica. São pessoas que mentem compulsivamente. Alguns transtornos psiquiátricos como os clássicos Transtornos de Personalidade, do tipo antissocial e fronteiriço, com mudanças constantes de humor, mentem. Alem destes, pacientes com Transtorno de Humor Bipolar, Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Pega na mentira
Para a psiquiatra Ana Gabriela Hounie, do Instituto de Psquiatria da USP (Universidade de São Paulo), o que diferencia o mitômano de um psicopata, por exemplo, é a necessidade de mentir criada por um descontrole psíquico, diferente do outro que a usa para ganhar vantagem.
– A pessoa tem a necessidade psicológica de mentir para ter uma satisfação pessoal, para parecer mais interessante, e para isso passa a contar histórias fantasiosas, mas não o faz para ter uma vantagem, para se safar, como o psicopata.
Pessoas inseguras, carentes e que precisam de atenção são o perfil mais comum. Ainda segundo a psiquiatra do IPQ, as mulheres são a maioria entre os mentirosos compulsivos.
As especialistas explicam que uma das maneiras de descobrir se a pessoa é mitômana é pelo número recorrente de mentiras e pela falta de argumentos para alimentá-las a médio e longo prazo. Segundo a psiquiatra da ABP, o mentiroso compulsivo começa com histórias simples e vai aumentando o tom até crer em sua própria história.
– O sintoma típico é uma mentira. Começa com coisas simples, diz que um parente morreu, ou que tem uma doença grave e se enrola todo nesta história. A característica do mitômano é que ele termina acreditando na mentira que conta. A incapacidade de manter a história muitas vezes o faz pedir demissão ou abandonar o trabalho quando percebe a confusão em que se meteu.
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