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A Gazeta Secretário Jorge Lafetá disse que pegou uma secretaria doente e não de saúde |
Sabatinado pelos deputados integrantes da Comissão de Saúde da Assembleia Legislativa, o secretário estadual de Saúde, Jorge Lafetá, fez um desabafo e disse que assumiu uma ‘Secretaria de Doença’. “Não assumi uma secretaria de Saúde e sim uma secretaria de doenças, uma pasta que estava doente”, disse ele depois de ouvir questionamentos sobre os R$ 22 milhões atrasados em repasses aos municípios, críticas sobre a falta de estrutura dos hospitais do interior e também sobre as polêmicas Organizações Sociais de Saúde (OSSs).
Lafetá foi à Assembleia como convidado na tarde desta quarta-feira (28) para prestar esclarecimento sobre o cronograma de repasses e o prazo para regularizar os atrasos. Também comentou sobre pagamentos das Organizações Sociais de Saúde (OSS) e as ações do Estado para administrar os hospitais Metropolitano em Várzea Grande, e Regionais de de Alta Floresta e Colider, que eram geridos por uma OSS, mas o governo teve que retomar a administração.
Vale destacar que as críticas dos deputados foram, na verdade, endereçadas ao governo do Estado e não a pessoa do secretário Jorge Lafetá. Aliás, ele recebeu muitos elegios dos deputados José Domingos (PSD), Teté Bezerra (PMDB), Emanuel Pinheiro (PR) e até do democrata Dilmar Dal Bosco, o mais crítico de todos. Dal Bosco disse que Lafetá pelo menos atende aos parlamentares, é atencioso e solícito, o que segundo ele, não ocorria quando a Secretaria Estadual de Saúde estava sob comando de Mauri Rodrigues, antecessor de Lafetá.
Presidente da Comissão, o deputado Antonio Azambuja (PP) disse que está faltando vontade política e responsabilidade do governador Silval Barbosa (PMDB). Elogiou a atitude do secretário de atender ao convite de Dal Bosco e ir à Assembleia prestar informações. “Esperamos agora que o Estado e o município de Cuiabá unam forças para solucionar os problemas emergenciais da saúde”, disse fazendo referência ao caos da saúde na Capital, que o jornal A Gazeta e o portal Gazeta Digital vêm mostrando desde março deste ano. “É inadmissível uma UTI não ter um médico plantonista, como foi mostrado pelo Fantástico”, ressaltou.
Lafetá disse que a Secretaria Estadual de Saúde, sob sua gestão, continua cumprindo centenas de liminares a cada mês, destacou os poucos leitos de UTIs. “As pessoas estão morrendo. Os hospitais todos enfrentam dificuldades. Hoje 90% deles são de pequeno porte e não recebem recursos suficientes para se manter em funcionamento e atendendo os pacientes”, disse. Ponderou ainda que além pequeno número de hospitais para atender a demanda no Estado, também faltam profissionais. “Não faltam só médicos, hoje faltam profissionais de todos os níveis”.
Ele reconheceu que falta gestão, mas destacou que o maior problema é a fatal de autonomia financeira. Disse que somente a judicialização da saúde resultou 46 milhões bloqueados nas contas do Estado no ano passado e mais de R$ 110 milhões gastos em liminares cumpridas ao longo de 2013.
“Estamos com um planejamento dentro da Secretaria de Saúde e várias ações estão sendo executadas. Hospitais estão sendo criados, a descentralização da saúde é uma das nossas metas. Cuiabá já não tem condições de absolver todos os serviços e tratamentos de pacientes. Estamos já com os hospitais regionais e serviços foram criados. Serviços de alta complexidade em ortopedia, urologia, cirurgia cardiologia. Além disso, estamos levando tecnologia para o interior”, afirmou Lafetá.