Com 11.356 casos, MT vive mais uma epidemia da doença
Secretaria de Estado diz que se preparou para combate; médica alerta para sintomas
Thiago Bergamasco/MidiaNews
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Policlínica do bairro CPA – unidades de saúde estão congestionadas devido ao aumento dos casos de dengue
KATIANA PEREIRA
DA REDAÇÃO
O Estado de Mato Grosso já registrou 11.326 casos notificados de dengue, com 10 ocorrências de óbitos. A grande quantidade de notificações colocou o Estado entre os oito que estão com epidemia da doença.
A estatística é referente aos 52 primeiros dias no ano de 2013. No mesmo período do ano passado, o registro foi de 4.770 casos – um aumento de 137%.
Rondonópolis (212 km ao Sul de Cuiabá) aparece como líder na quantidade de notificações, com 1.109 casos. Cuiabá registrou 497 casos; Várzea Grande, 108 e Sinop 39 casos.
É considerado estado de epidemia quando há incidência maior do que 300 casos a cada 100 mil habitantes.
Unidades congestionadas
O índice de casos tem congestionado as unidades de Saúde públicas e privadas. A busca por atendimento aumentou de forma considerável e a tendência é aumentar, pois o Estado ainda não iniciou o período das chuvas, quando deve aumentar os focos do mosquito transmissor da dengue.
A médica infectologista Soraya Rezende Rossi, do Hospital São Matheus, disse ao MidiaNews que percebeu o aumento de pessoas procurando o hospital com suspeitas de dengue.
No local, em janeiro, foram confirmados nove casos; em fevereiro, antes do fim do mês o registro, já constava 14 confirmações.
“Percebemos um aumento, sim, na procura. A maioria dos casos é clássica, isso é bom, mas não deixa de ser preocupante. Sabemos que o período mais crítico ainda não chegou e isso nos preocupa. Não é aceitável pessoas morrerem de dengue, é inadmissível em questão de Saúde. Os pacientes não podem subestimar os sintomas, devem ficar alerta e procurar atendimento quando as dores começarem. Se esperar o sangramento, é muito complicado cuidar desse paciente”, explicou a médica.
O boletim epidemiológico da Prefeitura de Cuiabá revela que as unidades de Saúde do município notificaram 571 casos; destes, 150 foram confirmados e oito são considerados graves.
O bairro com maior incidência é o Pedra 90, com 27 notificações. O segundo lugar ficou com o bairro Tijucal, com 15 notificações, feitas nas unidades de saúde municipais.
Estado “se preparou”
O superintendente da Vigilância Sanitária de Mato Grosso, Juliano da Silva, informou que o Estado vem se preparando para essa epidemia, desde o ano passado.
Segundo o superintendente, foram adquiridas 300 bombas costais, para combate aos focos do mosquito Aedes aegypti, vetor da dengue. As bombas foram distribuídas para os 141 municípios de Mato Grosso.
“Estamos agindo. Temos dado o apoio necessário aos municípios. Orientamos nas formas de combate, compramos as 300 bombas costais e também fazemos a distribuição do larvicida. Os gestores têm que solicitar para o Estado, que enviamos. Estamos fazendo um plano estratégico para um combate mais eficiente. Ainda não é o momento de suar o ‘fumacê’, as bombas costais são a melhor opção”, afirmou.
Alerta no Brasil
Em todo o país, de 1º de janeiro até 16 de fevereiro, foram 204.650 notificações, contra 70.489 no mesmo período de 2012 – um aumento de 190%.
Segundo o Ministério da Saúde, oito estados – Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Espírito Santo – concentram 173.072 notificações, que equivalem a 84,6% do total.
Cuidado com o sinais
O boletim do Ministério da Saúde confirmou que o DENV-4, um dos quatro sorotipos que circula no Brasil, corresponde a 52,6% das amostras analisadas.
A gravidade e os sintomas (febre alta, dores no corpo e nas articulações, vômitos, manchas vermelhas no corpo, entre outros) são iguais para os quatro tipos de vírus.
Quem estiver com sintomas de dengue, deve ficar prestar atenção em alguns sinais, que servem como alerta:
Diminuição repentina da febre
Dor muito forte na barriga
Sangramento de nariz, boca ou outros tipos de hemorragia
Suor frio
Tontura, quando muda de posição (deita, senta, levanta)
Vômitos frequentes ou com sangue
Dificuldade de respirar
Agitação ou muita sonolência
Diminuição do volume da urina
Pontos ou manchas vermelhas ou roxas na pele
Medidas de combate à dengue
Não deixar água parada em pneus fora de uso. O ideal é fazer furos nestes pneus para evitar o acúmulo de água;
Não deixar água acumulada sobre a laje de sua residência;
Não deixar a água parada nas calhas da residência. Remover folhas, galhos ou qualquer material que impeça a circulação da água.
A vasilha que fica abaixo dos vasos de plantas não pode ter água parada. Deixar estas vasilhas sempre secas ou cobri-las com areia;
Caixas de água devem ser limpas constantemente e mantidas sempre fechadas e bem vedadas. O mesmo vale para poços artesianos ou qualquer outro tipo de reservatório de água;
Vasilhas que servem para animais (gatos, cachorros) beber água não devem ficar mais do que um dia com a água sem trocar;
As piscinas devem ter tratamento de água com cloro (sempre na quantidade recomendada). Piscinas não utilizadas devem ser desativadas (retirar toda água) e permanecer sempre secas;
Garrafas ou outros recipientes semelhantes (latas, vasilhas, copos) devem ser armazenados em locais cobertos e sempre de cabeça para baixo. Se não forem usados devem ser embrulhados em sacos e descartados no lixo (fechado).
Não descartar lixo em terrenos baldios e manter a lata de lixo sempre bem fechada;
As bromélias costumam acumular água entre suas folhas. Para evitar a reprodução do mosquito, o ideal é regar esta planta com uma mistura de 1 litro de água e uma colher de água sanitária.
Sempre que observar alguma situação (que você não possa resolver), avisar imediatamente um agente público de saúde para que uma medida eficaz seja tomada.