Os financiamentos habitacionais realizados pela Caixa Econômica Federal alcançaram a marca de R$ 47,05 bilhões em 2009, volume de crédito 102% superior ao registrado em 2008, segundo dados divulgados nesta quarta-feira (27). Desse total, R$ 14,1 bilhões foram destinados ao programa Minha Casa, Minha Vida, que oferece financiamentos voltados à baixa renda.
Ao todo, 896.762 mil famílias foram atendidas em 2009, sendo 275.528 pelo programa Minha Casa, Minha Vida. O volume de empréstimos da Caixa representou 71% de todo o crédito disponível no mercado para o setor.
As famílias com renda de até três salários mínimos (R$ 1.530) foram as mais atendidas pelo Minha Casa, Minha Vida, em 2009. Ao todo, foram fechadas 168.926 propostas de construção, o equivalente a 42% da meta estabelecida pelo governo federal.
Em 2009 foram contabilizadas para esta faixa de renda um total de 393.780 propostas, que representavam 98% da meta do governo. Até 31 de dezembro, o total de propostas apresentadas para todas as faixas de renda chegou a 656.368 unidades, ou seja, 66% da meta.
O Minha Casa, Minha Vida é um programa de habitação lançado pelo governo federal em março de 2009 que tem a meta de construir 1 milhão de casas até 2012. O objetivo é beneficiar famílias que recebam até dez salários mínimos por mês, ou até R$ 5.100.
Do total de 1 milhão de casas, 400 mil moradias são para famílias que recebem até três salários mínimos (até R$ 1.530). Outras 400 mil são para quem tem renda de até seis salários mínimos (R$ 3.060) e mais 200 mil para quem tem renda entre seis e dez mínimos.
O investimento total previsto pelo programa é de R$ 34 bilhões. Desse total, R$ 16 bilhões serão usados para subsidiar a construção de moradias para as pessoas que ganham até três salários mínimos, além de oferecer custo zero no seguro habitacional e na emissão de documentos em cartórios.
FGTS
As linhas de crédito com recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) atingiram R$ 9,4 bilhões, 109% a mais que em 2008. A quantidade de unidades aumentou 31%, saindo de 110.021 em 2008 e chegando a 144.309 em 2009.
Os recursos investidos no financiamento de imóveis usados aumentaram 36% no ano passado, saltando de R$ 5,74 bilhões em 2008 para R$ 7,84 bilhões em 2009. No total, o financiamento com recursos do FGTS cresceu 65%, correspondendo a 284.791 novos contratos.
Nos empréstimos com recursos da poupança o valor chegou a R$ 19,4 bilhões, 108% a mais do que em 2008. Desse total, foram financiadas 153.181 unidades. No Construcard, que também utiliza recursos da poupança, os investimentos chegaram a mais de R$ 3,6 bilhões. Em comparação com 2008, houve crescimento de até 172%, passando de 103.204 financiamentos para 301.933 em 2009.
Faltam terrenos
A Caixa admitiu que faltam terrenos bem localizados e com bons preços no mercado. O problema é mais intenso nas grandes cidades, sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo. O vice-presidente da Caixa, Jorge Hereda, lembrou que a lei da oferta e da procura impera nessas cidades com mais intensidade.
– O mercado é desse jeito. É óbvio que em São Paulo e em outras grandes cidades do país seja difícil encontrar propostas [de terrenos] compatíveis.
Hereda sugeriu que as cidades discutam o plano diretor das cidades e considerem “os espaços para os pobres”.
– Tem que ter lugar para o pobre na cidade. Quando se discute o plano diretor, a imprensa deve checar se estão reservando terras para este público. Ter muita habitação é bom, mas o impacto sobre as cidades existe.