Abicalil e Serys perdem, quase matam PT e ainda terão cargos

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Carlos Abicalil e Serys Marly, protagonistas de jogos de cena e de uma crise que quase enterrou o PT em Mato Grosso, estão recebendo uma recompensa política que eles próprios não imaginavam, principalmente por terem sido derrotados nas urnas. Abicalil, que perdeu para senador, está tendo o privilégio até de escolher qual cargo assumir, se de presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, vinculado ao MEC, se de secretário de Educação do governo Silval Barbosa (PMDB).

    Serys, que não teve êxito nas urnas para deputada federal, vai poder assumir cadeira na Câmara por praticamente o mandato inteiro graças à generosidade do reeleito Silval, que está se desdobrando para Wellington Fagundes vir a ser secretário de Transporte e Pavimentação Urbana (nova nomenclatura da Sinfra) e, assim, abrir vaga em Brasília para a petista. Todo esse esforço do Palácio Paiaguás é para contemplar os dois grupos do petismo que estão brigados, o que contribuirá para Abicalil e Serys terem uma "sobrevida" na política. Para disfarçar, os dois fingem que estão trabalhando pela unidade do partido pós-eleição.

    Eles passaram a campanha brigando por causa da disputa pelo direito de concorrer ao Senado. Por fim, Abicalil, presidente regional do partido, foi escolhido nas prévias, mas perdeu no pleito de 3 de outubro. Teve 533.280 votos. Foi "engolido" pelo pedetista Pedro Taques, que ficou com a segunda vaga, e pelo republicano e ex-governador Blairo Maggi, o mais votado para senador. Serys encarou disputa de federal e os 78.543 deixaram-na como suplente. O PT saiu menor do que estava. Quebrou a tradição de eleger dois deputados estaduais. Só conseguiu assegurar uma vaga, com a reeleição do Ademir Brunetto, o "direitista" do partido. Já o estadual Ságuas Moraes se elegeu federal com 88.654 votos.

    Sem cargos, de rostos virados um para o outro e responsabilizados pelo desastre do partido nas urnas, Abicalil e Serys começaram, isoladamente, a busca por cargos. Recorreram aos amigos da cúpula e "chegados" à presidente eleita Dilma Rousseff. O deputado federal em final de mandato conta com ajuda de nada menos que o presidente Lula, que sugeriu o seu nome para o FNDE. Com a força da cadeira de senadora cujo mandato termina no próximo 31 de janeiro, Serys buscou "costurar" espaço na Câmara, via governo do Estado. A estratégia deu certo, tanto que Silval convidou Wellington para integrar o seu staff e abrir vaga à suplente. E, assim, seguem os líderes petistas, usando o partido como trunfo para continuarem no poder.

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