O Ministério Público de Mato Grosso, por meio do Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco), cumpriu no começo da manhã de hoje (17) quatro mandados de prisões preventivas e três mandados de busca e apreensão na cidade de Sorriso (418 quilômetros ao norte de Cuiabá).
Na operação foram presos o jornalista, vereador e ex -presidente da Câmara Municipal, Francisco das Chagas Abrantes, sua esposa, Filomena Maria Alves do Nascimento Abrantes, que é proprietária de uma emissora de televisão da cidade, e os vereadores Gerson Luiz Frâncio e Roseane Marques de Amorim. Eles são acusados dos crimes de formação de quadrilha e concussão contra o Executivo Municipal.
De acordo com a denúncia do Gaeco, o prefeito Municipal Clomir Bedin, o Secretário de Indústria e Comércio, Santinho Augusto Salermo e o procurador do Município Zilton Mariano de Almeida estavam sendo coagidos a pagar propina que variava de R$50 mil a R$ 500 mil, sob ameaça de reprovação das contas do município referente ao exercício de 2009. Eles eram ameaçados ainda de que a Câmara instauraria uma CPI para apurar possíveis irregularidades na destinação de verbas da Prefeitura para a imprensa.
A não aprovação de projetos de Leis provenientes do Executivo e o uso de uma emissora de TV local de propriedade de dois dos acusados para denegrir a imagem política do atual prefeito era outra estratégia usada pela quadrilha para extorquir os administradores do Município.
Segundo o Ministério Público, a quadrilha era liderada pelo então presidente da Câmara dos Vereadores, Francisco das Chagas Abrantes, que direcionava as ações e os votos dos demais integrantes do grupo criminoso.
Já o vereador Gerson Frâncio, era responsável pela intermediação nas negociações entre os poderes. O caso foi revelado durante gravações onde Gerson aparece pedindo R$ 100 mil de propina em beneficio próprio. Já a vereadora Roseane exigiu um emprego para o namorado, conserto de seu veículo, e pagamento de R$3 mil mensais por tempo indeterminado, a título de "mensalinho".
Os denunciados Chagas Abrantes e Filomena foram flagrados exigindo o repasse de verba mensal entre R$ 8mil e R$10mil que seriam direcionados à emissora de televisão de propriedade do casal como espécie de venda da mídia da Prefeitura. O acordo consistia em que os programas de televisão parassem de fazer críticas que desabonassem a imagem política do prefeito.
Em uma outra conversa com os representantes do executivo, Chagas e Gerson determinaram que o Grupo Gaspar fosse beneficiado em um processo licitatório para realização dos trabalhos de urbanização nas margens da BR 163, no Distrito de Primavera, pertencente ao município de Sorriso, cuja obra estava avaliada no valor de R$ 324 mil.
A transação envolveria o saldo economizado do duodécimo da Câmara Municipal que deveria ser devolvido para a Prefeitura, bem como a quitação de dívidas fiscais pelo dono da construtora ao município de Sorriso. A empresa estava impedida de participar de licitações por ter débitos no valor de R$ 126 mil em IPTU com o município.
O fato trouxe comoção na sociedade local, tanto é que foi encaminhado ao MP um abaixo assinado com cerca de 800 assinaturas de moradores da cidade pedindo providências em relação à atuação dos vereadores envolvidos no esquema fraudulento.
Neste momento, os presos estão sendo encaminhados para a sede da Polinter, em Cuiabá, onde permanecerão à disposição do juízo da vara do Crime Organizado.
Confira o vídeo que mostra o esquema de propinas proposto por parlamentares