Só haverá um jeito de superar as vuvuzelas como campeãs do barulho na Copa do Mundo na África do Sul neste ano: com muitos fogos de artifício. E o setor espera um desempenho digno de seleção hexacampeã, com um crescimento de 12% sobre a Copa de 2006, disse o vice-presidente da Assobrapi (Associação Brasileira de Pirotecnia), Eduardo Yasuo Tsugiyama.
Segundo ele, as vendas de fogos de artifício no ano como um todo devem crescer 10% sobre 2009. Para ele, o setor tem recebido uma exposição “muito negativa” nos meios de comunicação, e é preciso uma propaganda mais positiva para tirar o estigma de perigosos dos fogos de artifício.
– Falta propaganda, positiva, é claro. Infelizmente há muita propaganda negativa.
De acordo com Tsugiyama, as vendas para festas juninas ainda são importantes para o setor: 30% do comércio anual acontece durante essa época do ano, em razão das festas juninas. O final do ano – com Natal e Ano Novo –, no entanto, vem cada vez mais se tornando o foco das vendas, já que representam atualmente 50% do total comercializado.
O assessor de comunicação do Sindiemg (Sindicato das Indústrias de Explosivos do Estado de Minas Gerais), Fernando Antonio dos Santos Junior, disse que no primeiro semestre deste ano as vendas já apresentaram uma expansão de 20% sobre o mesmo período de 2009.
– Em 2009 tivemos uma queda muito grande devido ao acidente ocorrido em Santo André em setembro. Aquilo afetou o setor de modo geral [em setembro do ano passado uma explosão em uma fábrica clandestina de produtos pirotécnicos deixou dois mortos e 12 feridos].
Festas “julinas”
Santos Junior diz que as festas juninas ainda são um dos principais eventos do ano para o setor de fogos de artifício, mas isso considerando as vendas no país como um todo. Nos Estados do Sul e Sudeste do país essa participação vem caindo, enquanto no Nordeste a tradição continua forte.
– Em grandes cidades, como São Paulo, as festas juninas acabam se tornando festas “julinas”, porque as escolas acabam adiando os festejos para julho, em razão das férias escolares.
Neste ano, com a coincidência da Copa do Mundo, as vendas para as festas juninas acabaram sendo prejudicadas.
– A Copa atrapalha um pouco as vendas para as festas juninas: as pessoas deixam de comprar artigos como estalinhos e traques para comprar bombinhas e rojões, fogos que fazem mais barulho, para as comemorações. As vendas cresceram, mas o segmento de festas juninas acabou prejudicado.
Um eventual hexacampeonato do Brasil e as eleições presidenciais deste ano também devem contribuir para o desempenho das vendas no segundo semestre.
– As eleições que mais impulsionam as vendas são para prefeito, mas neste ano a disputa presidencial deve ser acirrada.
“Faca de dois gumes”
Segundo o proprietário da Fogos Jacareí, Francisco Lopes Ribeiro, as vendas em junho deste ano, por conta da Copa do Mundo, devem crescer cerca de 20% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Mas ele destaca que a Copa é uma “faca de dois gumes”.
– Às vezes o revendedor faz estoque e se prepara, não só com fogos, mas com vuvuzelas, cornetas e bandeiras, e tudo fica a depender de como a seleção vai jogar.
Para Ribeiro, as festas juninas ainda movimentam as vendas nessa época do ano, mas junho já não é mais um dos melhores para o setor.
– Pelo menos na região sudeste a tradição das festas juninas vem diminuindo. As vendas para as festas de fim de ano vêm cada vez mais crescendo, e dezembro vem se firmando como a melhor época para as vendas.