União entre Azul e Trip cria nova força no setor aéreo

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A união das companhias aéreas Azul e Trip, anunciada nesta segunda-feira (28), dará origem a um grupo com receita de R$ 4,2 bilhões neste ano e com cerca de 15% do mercado doméstico de aviação.

O presidente do Conselho de Administração da Trip, Renan Chieppe, que fará parte do Conselho da holding Azul Trip S.A., a ser presidido por David Neeleman, fundador da Azul, afirmou que "está nascendo a terceira força da aviação brasileira".

O acordo entre as duas empresas não envolve desembolso de dinheiro. Os atuais sócios da Azul terão 66% da holding e o restante ficará com os acionistas da Trip.

Segundo Chieppe, a Skywest — que tinha 26% da Trip — saiu da companhia há cerca de uma semana, após a Trip Participações readquirir a fatia por um valor não divulgado.

A formação de uma terceira grande empresa aérea no Brasil para ganhar força frente às líderes TAM e Gol é vista com bons olhos por especialistas. Além disso, uma empresa maior tem mais condições de reduzir custos, o que atualmente é o principal entrave para todo o setor.

Paulo Resende, especialista em transportes da Fundação Dom Cabral, disse que "aumentamos o número de grandes 'players'". 

— Um terceiro seria importante, porque apesar de as empresas já existirem, as participações são muito fracionadas. Azul e Trip juntas terão poder de escala, volume e podem trazer uma concorrência interessante em questão de tarifas e malhas aéreas.

As sinergias com a fusão de Azul e Trip não foram divulgadas pelos seus principais executivos, que descartaram demissões de tripulantes e funcionários de solo.

Sobreposição

A Azul terminou abril com uma participação no tráfego aéreo no Brasil de 9,94%, enquanto a Trip teve fatia de 4,29%, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Combinadas, as duas empresas ficaram com 14,2% dos passageiros transportados no país no mês passado.

A liderança segue sendo disputada entre TAM e grupo Gol (incluindo WebJet), com participação de mercado perto de 40% cada.

Atualmente, 15% das rotas de Azul e Trip são sobrepostas, mas Neeleman garantiu que a empresa tem como objetivo criar novas frequências, e não reduzir.

A holding Azul Trip S.A. nasce com 8.700 funcionários, 96 destinos e 112 aviões — sendo 62 da Embraer e 50 turboélices da ATR. São 837 voos diários e 316 diferentes rotas.

Até 2015, a Azul Trip S.A. não deverá adquirir aviões que não sejam Embraer e ATR. 

Neeleman disse, no entanto, que "temos tempo para pensar sobre isso", sobre a possibilidade de parceria com outros fabricantes de aeronaves.
 

Azul e Trip continuarão a operar de forma independente até que o negócio seja aprovado por órgãos competentes como Anac e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). A expectativa das companhias é de rápida aprovação da operação.

Parceria com a TAM

O presidente da Trip, José Mario Caprioli, afirmou que a nova holding "honrará todos os seus contratos", o que inclui o acordo de compartilhamento de voos com a TAM. 

— O acordo [com a TAM] continua em vigor.

Em março do ano passado, Trip e TAM iniciaram conversas que poderiam resultar na compra de uma fatia de 31% na primeira pela segunda. 

Segundo Caprioli, tal operação societária com a TAM "a partir daqui não deve prosseguir", diante da união de Trip e Azul.

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