R$ 66 mil
Idea com acabamento esportivo traz motor 1.8 que rende boas respostas, mas só acima das 2.300 rpm
A linha Sporting chegou à Fiat para, de certa maneira, acabar com a hegemonia dos Adventure na parte de cima da gama da marca italiana. Isso porque os aventureiros leves eram os únicos modelos topo de linha, com alto nível de equipamentos de série. No caso do Idea, por exemplo, esta nova versão com acabamento esportivo se assemelha à aventureira tanto no preço – R$ 56.115 contra R$ 58.291, respectivamente –, como nos itens de conforto e segurança. O propulsor é o mesmo 1.8 da Adventure – e também o mais potente oferecido para o monovolume. Na estética, os adereços lameiros – inclusive o indefectível pneu na tampa do porta-malas – da versão aventureira dão lugar ao visual dinâmico na variante Sporting.
Além do monovolume, o sobrenome Sporting também já está em Punto, Siena e Uno. Assim como no Punto, o Idea recebe o motor 1.8 16V da linha E.TorQ – o mesmo que equipa a Adventure –, fabricado pela FPT e lançado em julho de 2010. O propulsor rende 130/132 cv de potência a 5.250 rpm e 18,4/18,9 kfgm a 4.500 giros – e a FPT garante que 93% desta força já está disponível por volta dos 2.500 giros.
No Brasil, o Idea foi lançado em 2005 para fazer frente ao Chevrolet Meriva. Depois de cinco anos de mercado, a Fiat resolveu fazer uma reestilização no seu monovolume, em julho de 2010, já como linha 2011. Além da introdução dos novos motores E.TorQ, houve mudanças estéticas. Os destaques foram para as lanternas traseiras verticais de led. A variante Sporting ainda conta com adereços visuais que tentam dar um ar esportivo ao monovolume: para-choques dianteiros e traseiros com spoilers, minissaias laterais, rodas exclusivas aro 16, aerofólio traseiro e faróis e lanternas com máscara negra. Por dentro, outros pequenos detalhes caracterizam a versão, como quadro de instrumentos com grafismos diferentes e pintura cinza no painel central.
Por se tratar de um modelo acima do intermediário, o Idea Sporting já vem equipado de série com ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, rádio com CD/MP3 integrado ao painel, computador de bordo, banco do motorista e volante com regulagem de altura e faróis de neblina. A configuração testada ainda contava com opcionais como airbag duplo, ABS, rádio com bluetooth e entrada USB, bancos revestidos parcialmente em couro, sensor de estacionamento traseiro e teto solar Skydome.
Já o câmbio automatizado Dualogic custa R$ 2.110 a mais. Com todos esses equipamentos, inclusive a transmissão robotizada, o Idea Sporting atinge R$ 66.196. Um preço alto quando comparado com seus rivais equipados de forma semelhante: Chevrolet Meriva Premium 1.8 com o câmbio automatizado Easytronic – R$ 55.674 –, Nissan Livina SL automática – R$ 53.990 – e Citroën Aircross Exclusive 1.6 – R$ 62.350.
Ponto a ponto
Desempenho – O Idea Sporting é equipado com o propulsor 1.8 16V E.TorQ feito pela FPT. É o mais forte da linha de motores lançada no meio de 2010. São 130/132 cv de potência e 18,4/18,9 kgfm de torque. Os números animam, mas, na prática, o carro só fica realmente ágil acima das 2.300 rpm. Por isso, para quem quer fazer jus ao nome da versão, o mais indicado é manter o conta-giros acima desta marca. A partir deste momento, o propulsor mostra bastante vigor e consegue levar a minivan do zero a 100 km/h na faixa dos 11 segundos. Nota 8.
Estabilidade – É um dos principais problemas da linha Idea, motivado principalmente pelo seu formato de "pão de forma". Com 1,69 m de largura e 1,70 m de altura, a carroceria do monovolume aderna nas curvas mais acentuadas. Em retas, no entanto, a estabilidade é boa até os 130 km/h, quando passa a exigir correções. Os freios com ABS ajudam na hora das frenagens bruscas. Nota 6.
Interior – A reestilização do Idea em 2010 foi apenas no exterior. Isso significa que o interior continua com o painel muito vertical e com as saídas de ar-condicionado posicionadas muito baixo, herdadas do Palio. O câmbio também não foi modificado e continua com engates pouco precisos. A posição de dirigir alta é tradicional das minivans e é interessante para quem gosta de ver o trânsito de cima. O volante tem boa pegada, mas poderia contar com comandos do rádio e do computador de bordo. Nota 6.
Consumo – O Fiat Idea Sporting 1.8 16V marcou a previsível e elevada média de 6,6 km/l com etanol em uso 2/3 na cidade e 1/3 na estrada. Nota 6.
Conforto – O Idea é um carro feito para o uso urbano. E mesmo essa versão Sporting não muda isso. A suspensão é acertada para as cidades, com calibragem mais suave. Desta forma, os buracos e imperfeições das ruas são absorvidos e superados sem maiores dificuldades. Por dentro, os bancos parcialmente em couro são confortáveis. O espaço para pernas é interessante para um compacto. Atrás, três adultos normais conseguem viajar sem passar apertos. Nota 8.
Tecnologia – A plataforma é a mesma desde o lançamento no Brasil, em 2005. Mas junto com face-lift, ganhou um motor moderno 1.8 16V. Os itens de série são previsíveis para uma versão top. Como opcionais, são oferecidos airbag duplo, ABS, sensores de estacionamento, chuva e luminosidade. Nota 7.
Habitabilidade – Um dos pontos fortes do Idea. Os acessos são facilitados pela boa altura e o porta-malas acomoda satisfatórios 380 litros. O lado negativo fica por conta da pouca oferta de porta-objetos para um carro familiar. Nota 7.
Acabamento – Para um carro que começa em R$ 56 mil e, completo, chega perto dos R$ 70 mil, o Idea deixa a desejar neste aspecto. O painel é o mesmo do resto da família Palio, com plásticos rígidos e pouco agradáveis ao toque. Há também algumas rebarbas aparentes e os encaixes não são precisos. A pintura em dois tons e os bancos com couro parcial ajudam a disfarçar a simplicidade do interior. Nota 6.
Design – Se antes da reestilização o Idea parecia carro de taxista ou de família, o face-lift mudou isso. O desenho ficou mais agressivo e a configuração Sporting é a que mais combina com o novo visual. As lanternas traseiras em LED dão um toque de requinte e exclusividade ao monovolume. Nota 7.
Custo/Benefício – Apesar de não ter nenhum concorrente que busque um desenho mais esportivo, a Fiat peca na hora de cobrar pelo Idea Sporting. Mesmo sem opcionais – R$ 56.390 –, a minivan fica mais cara que rivais como Chevrolet Meriva e Nissan Livina. Com os equipamentos da versão testada, o preço chega a salgados R$ 66.196, mais até do que a Citroën cobra pelo Aircross completo. Nota 6.
Total – O Fiat Idea Sporting 1.8 16V somou 67 pontos em 100 possíveis.
Impressões ao dirigir: casamento de imagem
Pela primeira vez, a Fiat tenta caracterizar a sua minivan com um visual mais esportivo. E essa investida parece ter dado certo. À primeira vista, fica claro que a versão Sporting é a configuração que mais se adequa ao novo estilo da minivan. Os detalhes visuais que tentam realçar uma veia "nervosa" no monovolume se casam muito bem com o face-lift feito pela montadora italiana em meados de 2010.
A introdução do motor 1.8 16V de 130/132 cv da FPT também é uma das qualidades do modelo. O torque é farto e o propulsor consegue mover o Idea com agilidade. A única ressalva fica para o desempenho ruim em baixas rotações – abaixo dos 2.300 giros –, o que obriga ao motorista a ter de usar o câmbio manual com mais frequência, efetuando reduções de marcha para manter o carro esperto. Ao volante, o Idea Sporting mantém o foco urbano do resto da linha. A suspensão é suave e filtra bem a buraqueira das grandes cidades. Em curvas, no entanto, a minivan não consegue se "livrar da física". Com quase a mesma medida em altura a largura, a carroceria do monovolume rola muito nas curvas e não inspira a esportividade que o sobrenome da versão incita.
Apesar da reestilização ter dado certo do lado de fora, a Fiat deixou o interior idêntico ao do lançamento no Brasil, em 2005. Portanto, pode-se esperar um ótimo espaço interno, inclusive para os passageiros dos bancos de trás, e um acabamento de pouco esmero. O painel é o mesmo do resto da linha Palio, o que, em um carro que chega a beirar os R$ 70 mil, é uma inegável incoerência.