O Conjunto Móvel Autônomo de Monitoramento (Comam), que o Governo de Mato Grosso adquiriu na Rússia e se transformou em polêmica no meio político, permitirá a blindagem da "fronteira seca" do Estado com a Bolívia.
O sistema, que inclui dez veículos da marca Land Rover Defender, vai ser utilizado, também, no combate a assaltos a bancos, conforme informou, nesta sexta-feira (28), o secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado. “O investimento em tecnologia de segurança é fundamental para que o policial consiga dar resultados e agir estrategicamente”, disse o secretário, por meio de sua assessoria.
Segundo o coordenador do Grupo Especial de Fronteira (Gefron), coronel PM Antônio Ibanez, a compra de sistemas de radar marca o primeiro grande investimento histórico em Segurança Pública no Estado, no que se refere Pa proteção da divisa com a Bolívia, que é considerada umas das mais críticas no país. O oficial atua, diariamente, na região e coordena os trabalhos policiais na área.
“Para acompanhar o deslocamento dos criminosos na área com um binóculo, hoje, o policial precisa subi rem árvore e ficar ali por horas. Na prática, o profissional tem que enfrentar o bandido com, no máximo, uma arma na mão. Pela primeira vez, teremos tecnologia de ponta no combate ao crime, em um dos principais corredores da criminalidade no Brasil”, explicou o coronel.
O Comam é composto de um sistema completo de monitoramento. A principal ferramenta do conjunto é o módulo radar. O equipamento permite o rastreamento de alvos. “Ele rastreia até 300 alvos, simultaneamente, em um raio de 15 quilômetros. Conseguiremos acompanhar a movimentação de 'mulas' e veículos”, revelou o comandante.
Valores
A alta tecnologia do produto, o torna também o de maior valor agregado, com o custo unitário de R$ 493,813,00.
Após o acionamento do radar, o módulo ótico-eletrônico, composto por câmeras de imagem e sensores térmicos, permite a identificação do objeto em deslocamento.
“Em um raio de cinco quilômetros, é possível filmar um ser humano e acompanhar sua movimentação. Já um carro de passeio pode ser filmado pela câmera em até oito quilômetros e um caminhão, a 15 quilômetros”, disse Ibanez. O produto tem valor unitário de R$ 476.562,00.
O equipamento completo é composto de um console de operação (R$ 46.905,00l cada), um sistema de potência(R$ 31.270,00), que permite o funcionamento em qualquer freqüência com gerador próprio e até oito horas sem rede elétrica, um sistema de navegação GPS (R$ 31.270,00 cada), o software (R$ 62.540,00 cada) e o sistema de comunicação, por telefone via satélite e rádio digital.
“Há um isolamento das equipes nos 750 quilômetros de fronteira seca, pela falta de comunicação. Conversar com os policiais é fundamental para o desenvolvimento do trabalho em equipe e para a realização de flagrantes. Hoje, trabalhamos em desvantagem em relação aos criminosos, que possuem sistema digital e conseguem se comunicar”, observou o comandante.
Pântano e "cabriteira"
O Comam será instalado em veículos Land Rover customizados, especialmente preparados durante a fabricação, para receber o equipamento, com espaço para um policial operador e para mais dois policiais.
“Esses carros são os mais resistentes e que exigem pouca manutenção. Chegamos a ficar até quatro dias em campana no meio do mato, sem voltar para a base”, explicou o coronel Ibanez.
O fato de o carro ser de alumínio também aumenta sua durabilidade. “Andamos só em estradas de chão, com buracos, serras, morros. E, na época de chuva, em regiões de pântano. Precisamosde um carro especial e traçado. Trabalhar na fronteira não é como trabalhar nacidade”, afirmou.
Cada veículo customizado foi adquirido pelo valor de R$ 226,370,00. O investimento na aquisição de 10 conjuntos foi de R$ 14 milhões, com acordo formal para transferência de tecnologia.
A aquisição foi realizada pela Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), para atender exigências da Fifa, no que se refere à redução de índices criminalidade e ao controle da divisa.
Assalto a bancos
Além da utilização n afronteira, o Comam será empregado no combate aos assaltos a banco, conforme consta no Plano de Contenção de Roubo a Bancos.
“Quando esses assaltos acontecem, os criminosos se escondem no meio de extensos matagais e é muito difícil localizá-los. Com os radares, os bandidos não terão mais onde se esconder. Serão encontrados por meio do rastreamento pelas equipes policiais”, disse o secretário de Segurança Pública, Diógenes Curado.
Curado apontou que, apesar da defesa de fronteira ser também uma atribuição do Governo Federal, é uma prerrogativa do Estado, uma vez que afeta diretamente a população mato-grossense.
“A visão de que só a União deve combater os crimes de fronteira é ultrapassada. Mato Grosso aderiu ao Plano Nacional Estratégico de Segurança Públicana Fronteira e o Gefron é modelo no país todo”, completou Curado.
Com informações da Secopa
