O governador Silval Barbosa (PMDB) afirmou, que o novo modelo de gestão dos hospitais regionais será implantado, independentemente da greve deflagrada pelos médicos do interior de Mato Grosso. A declaração foi dada após a assinatura de um convênio firmando entre o Governo e o Hospital do Câncer, pela manhã.
Por esse modelo preconizado pelo Governo, a administração dos hospitais será terceirizada, com a contratação de Organizações Sociais (OS). A medida gerou revolta na classe médica, que decidiu paralisar os serviços a partir de hoje, por tempo indeterminado. Apenas os serviços de urgência e emergência estão sendo mantidos nas unidades hospitalares.
"Não há motivos para essa greve, não se conhece a pauta pela qual os médicos decidiram paralisar os serviços. Pode ser que tenha um motivo muito grave. Sobre o modelo de gestão, com greve ou sem greve, iremos implantá-lo", disse Silval. Segundo ele, a mudança vai começar com o Hospital Metropolitano, em Várzea Grande.
Para o secretário de Estado de Saúde, Pedro Henry, o movimento grevista é "imoral" para com a sociedade. Ele disse entender que o sistema de Saúde está falido e precisa ser revisto. "Trata-se de um movimento prematuro, irresponsável e imoral para com a sociedade, pois todos sabem que temos um modelo falido e que não funciona", afirmou Henry.
Ele destacou que o Sindicato dos Médicos de Mato Grosso (Sindimed) deveria estar "revoltado" com as pessoas que estão morrendo por falta de atendimento, e não "forçar" a secretaria a mudar o modelo de gestão.
De acordo com Henry, não cabe ao Sindimed ou aos servidores da Saúde discutir o modelo de gestão das unidades hospitalares do Estado. "Não é competência do sindicato dos médicos ou dos servidores decidir sobre modelo de gestão, que, por sua vez, está ancorado em legislação estadual e federal. Não tem nada de ilegal e não compete ao sindicato discutir", disse o secretário.
PCCV
Henry destacou ainda que o descontentamento com a terceirização da administração dos hospitais não foi comunicada ao Governo, oficialmente. Segundo ele, o que existe na secretaria é um documento no qual a categoria reivindica a implantação do Plano de Cargos Carreira e Vencimentos (PCCV).
O secretário informou que a proposta está sendo analisada pela a equipe econômica do Estado, que tem até o mês de abril para definir qual encaminhamento será dado.
"Não estou preocupado com um ou outro médico que quer se autopromover, forçando uma negociação de salário em cima de uma questão tão importante como é a Saúde", disse Henry.
Outro lado
O presidente do Sindicato dos Médicos do Estado de Mato Grosso (Sindimed-MT), Edinaldo Lemos, disse que os 495 médicos vinculados ao Governo do Estado e que atendem nos hospitais regionais de Mato Grosso cruzaram os braços na manhã de hoje.
Segundo ele, são mantidas os serviços de urgência e emergência. Nos demais setores, apenas 30% dos profissionais farão escala, como determina a legislação.
O presidente demonstrou total descontentamento com o secretário de Estado de Saúde, Pedro Henry, e afirmou que agora a discussão da categoria será feita com o governador do Estado, Silval Barbosa, que “foi eleito e é o representante legal”.
O sindicato irá encaminhar ofício ainda hoje ao governador pedindo uma reunião.