Secretário diz que criança era “disfarce” de assaltantes

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O secretário-adjunto de Segurança Pública, Alexandre Bustamante, afirmou, em entrevista exclusiva ao MidiaNews, no fim da tarde de sexta-feira (7), que a adolescente C .A. B., morta durante um confronto com suspeitos de assalto a banco, na madrugada de quinta-feira (6), seria usada como "disfarce". 

Segundo ele, a garota seria usada pelos suspeitos para tentar ultrapassar a barreira móvel montada na estrada que liga a Capital à Usina de Manso (100 km ao Norte), no município de Chapada dos Guimarães. 

O confronto foi com policiais do Bope (Batalhão de Operações Especiais), da Polícia Militar, e cinco pessoas foram mortas no tiroteiro: três homens, a menina e uma mulher. Leia mais AQUI.

“Lamentamos muito a morte desta criança, ninguém comemora uma situação como essa, estamos abalados. Mas, sabemos que a criança estava dentro do carro com uma função, que era tentar disfarçar a ação da quadrilha. Infelizmente, não sabíamos que tinha uma criança no grupo para ‘dar ares de família’, mostrar uma situação normal”, disse Bustamante. 

O confronto teria sido diretamente entre Josemar Ribeiro da Silva, conhecido como 'Parazinho'. Ele é um dos suspeitos de ter participado de dois assaltos a agências bancárias da cidade de Comodoro (644 km a Oeste da Capital), em outubro passado. 

Outros três homens também participaram do assalto. Na ocasião, o grupo agiu com extrema violência e fez 20 pessoas de reféns, como "escudo humano", para garantir a fuga. 

Na madrugada de quinta-feira (6), além da menor, também morreram Josemar Ribeiro da Silva, Alex dos Santos, Jader Cardoso, o "Pirulito", e Eva Joyce Santiago dos Santos, de 23 anos. Esses três últimos são apontados como um grupo que foi contratado para dar resgate a Josemar. 

Na sexta-feira (7), durante velório, a família de C. pediu explicações à cúpula da Segurança Pública sobre a morte da menina. Leia mais AQUI.

Disfarces humanos 

O secretário Alexandre Bustamente afirmou que a presença de crianças, bebês, idosos e mulheres é mais um dos artifícios usados pelo crime organizado para tentar tirar o foco da Polícia e dividir a opinião pública. 

“A morte dessa criança é uma tragédia. Entendemos a dor da família, mas o crime organizado faz isso. Usa pessoas que não levantam suspeitas para tentar confundir a Polícia e jogar a sociedade contra a autoridade policial. Uma quadrilha de alta periculosidade foi totalmente desmantelada. Os que não morreram estão presos. Infelizmente a morte desta criança, colocada dentro do carro pelos criminosos, abala toda uma operação. Temos que lidar com tudo isso e não deixar uma tropa, que está há mais de 30 dias na mata, em buscas constantes, perder o foco do trabalho”, disse. 

Inquérito policial 

O secretário também informou que foi aberta uma investigação para apurar os fatos que envolvem o confronto em Manso. 

“Sempre que ocorre qualquer morte, durante ação policial, abrimos uma investigação. A Polícia Civil faz a parte dela, a perícia também. Encaminhamos o inquérito para o Ministério Público, que pode oferecer denúncia ou não. Não houve a morte apenas da menina, mas de cinco pessoas. Ninguém quer uma situação como essa. Não temos o que esconder. A ação está amparada da Lei. Os policiais estavam no cumprimento do dever e também existe a legitima defesa, uma vez que tiros foram disparados contra eles”, afirmou. 

Resgate 

Bustamente informou, ainda, que as investigações, feitas pelo Serviço de Inteligência da Polícia, apontavam para uma situação de resgate de Josemar, que teria combinado o pagamento de R$ 20 mil para que o grupo o tirasse da região da mata. 

“A barreira estava montava e esperávamos a passagem desse grupo, que daria resgate ao Parazinho, único integrante do assalto que ainda estava na região. Assim que ele foi avistado, demos voz de prisão, ele tentou fugir para a mata e não conseguiu. Acabou abrindo fogo contra os policiais. Parazinho estava armado com um fuzil AK 47, que tem alto poder de fogo. Os militares revidaram e o carro foi atingido”, relatou o secretário. 

Segundo ele, as investigações da Polícia não mostram a participação da menina C. A. B. no assalto aos bancos de Comodoro, e nem de Eva Joyce. “Não temos indícios de participação de nenhuma das duas nos assaltos", disse.

Bustamente reafirmou que a mulher e a adolescentes estavam no carro para simular uma situação familiar e assim despistar a Polícia. 

"Sabemos também que cada integrante do grupo de resgate estava lucrando R$ 5 mil. A criança não tinha nem noção desse dinheiro, mas alguém iria lucrar pela presença dela dentro do carro. Agora, vamos investigar e saber quem foi a pessoa que colocou essa criança lá. Também estamos buscando mais informações sobre a Eva. Sabemos que ela tinha ligação com o Jader, mas não temos detalhes”, disse o delegado. 

Outro suspeito de ter participado do assalto, Antônio Nilson da Silva, também teria pago R$ 20 mil por um resgate. Uma denúncia anônima, segundo Bustamante, revelou o plano, que foi desarticulado pela Polícia, e Antônio acabou preso.

Antônio foi preso com um casal, Wanderlei Elias de Souza e Juliana Ferreira Monteiro, que levavam junto com eles o filho, um bebê de seis meses. "Nesse caso também tentaram simular uma situação familiar e não conseguiram. Esse grupo se rendeu e todos foram presos sem lesões", disse. 

Operação Comodoro 

A Secretaria de Segurança Pública (Sesp) encerrou as ações da “Operação Comodoro”. O saldo da operação é de oito suspeitos mortos. 

Também foram presos cinco integrantes do grupo, sendo que três deles, incluindo uma mulher, prestavam apoio ao grupo, com trabalho de resgate. 

Foram mortos nos confrontos com a PM, na  quinta-feira (6), Josemar Ribeiro da Silva, conhecido como 'Parazinho'; Alex dos Santos; Jader Cardoso; Eva Joyce Santiago dos Santos, de 23 anos.

No confronto do 11 de novembro, morreram Diego Alessandro Garcia da Costa; Hermano de Araújo, o "Maninho"; e Alex Leite dos Santos, que não participou do assalto, mas estaria dando apoio ao grupo, segundo investigações da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO). 

Outro suspeito é Adriano Vieira da Silva Menezes, o "Zóio", morreu no dia 29 de novembro. 

Os presos na operação foram Antônio Nilson da Silva, Cristiano Luiz da Silva, Duilhan dos Santos Peixoto, Wanderlei Elias de Souza e Juliana Ferreira Monteiro. 

O assalto 

Os ladrões invadiram as duas agências bancárias, em Comodoro, e fizeram vinte reféns, como "escudo humano", para garantir a fuga. 

Eles levaram todos os malotes de dinheiro das agências e se esconderam num matagal, a cerca de cinco quilômetros da cidade. 

Por volta do meio-dia, fugiram levando os malotes das agências e 20 pessoas feitas de escudos humanos, para evitar a ação policial. 

Na sequência, os bandidos libertaram os 20 reféns e também as duas picapes utilizadas na fuga – uma S10 preta que foi incendiada e a Nissan Frontier prata que foi abandonada. 

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