Sargento da PM diz que participou de grampos por ordens de coronéis

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Welington Sabino/ GD




À medida em que a repercussão negativa sobre o esquema de interceptações telefônicas ilegais avança em Mato Grosso e envolve mais nomes de pessoas e instituições, novos detalhes e depoimentos de envolvidos no continuam vindo à tona. Agora, foi a vez da 3ª sargento da Polícia Militar, Andréa Pereira de Moura Cardoso, revelar que atuou no sistema de interceptações telefônicas ilegais a mando, segundo ela, dos coronéis da PM, Zaqueu Barbosa e Airton Benedito Siqueira Júnior.

Zaqueu está preso na sede do Batalhão de operações Especiais (Bope) desde dia 23 deste mês. Já o coronel Airton integra o staff do governo Pedro Taques, atualmente no cargo de secretário de Justiça e Direitos Humanos.

Em seu depoimento prestado à Corregedoria Geral da Polícia Militar, a sargento Andréa contou que atuava no esquema de interceptações na modalidade “barriga de aluguel” sob orientação do cabo Gerson Luiz Ferreira Corrêa Júnior. A policial também contou que a base para atividades de interceptações telefônicas da Polícia Militar funcionava numa sala, localizada no Edifício Master Center, na Rua Desembargador Ferreira Mendes, nº 235, centro da Capital.

Gerson também está preso acusado de ser o autor dos pedidos de interceptações e responsável por elaborar relatórios falsos com nomes de pessoas que não eram investigadas. Tal estratégia teria levado o Ministério Público e o Judiciário ao erro a partir do momento em que os magistrados que recebiam os pedidos autorizavam a quebra de sigilo telefônico de pessoas que não tinham envolvimento com os supostos crimes de tráfico de drogas alegados pelos policiais.

Andréa explicou que no ano de 2014 foi orientada pelo coronel Airton Siqueira a procurar Zaqueu Barbosa no Comando Geral porque tinha um serviço no setor de inteligência na interceptação telefônica. Naquela época, Siqueira comandava o Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer). “O policial Gerson iria ser o responsável em explicar como seria o serviço porque teria muito conhecimento nessa área”, consta no depoimento de Andréa.

Em relação ao imóvel usado para executar as escutas clandestinas ela disse que era composto por 2 quartos com mesa, cadeira de escritório, armários e cerca de 15 celulares conectados a um computador. Em seu depoimento, a policial diz que no começo ficava das 13h às 18h sozinha na sala e que Gerson aparecia uma vez ou outra no imóvel. Depois, segundo ela, aumentou a demanda de trabalho de modo que o policial Clayton Dorileo também passou a trabalhar no mesmo espaço.

Andréa relatou que cada policial recebia um login e uma senha para operar o sistema. Revelou ainda que ouvia os áudios das interceptações acreditando que realmente se tratavam de policiais militares suspeitos de envolvimento em crimes. “Fazia as anotações das partes importantes com as respectivas datas e horários”, disse.

A sargento Andréa garante que cumpriu ordens dos superiores e avalia não ter praticado qualquer conduta ilegal pois acreditava que as interceptações eram realizadas de forma lícita. Ao prestar depoimento na Corregedoria ela estava acompanhada de advogados que ao final pediram medidas protetivas para ela e também para que não seja prejudicada ou alvo de retaliações em sua carreira na Polícia Militar. “Diante da proporção que se vê na imprensa, teme pela vida de sua família, bem como represálias no âmbito da PM”, consta na justificativa. O depoimento foi prestado na última sexta-feira (26).

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