Simone Ishizuka/ GD
O coordenador do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) de São Félix do Araguaia (1.200 km a nordeste de Cuiabá), Milton Martins de Souza, conseguiu fugir de barco da aldeia Karajá, após ficar 4 dias em cativeiro no local. Indígenas alegam descaso do órgão e denunciam que houve diversas mortes por falta de assistência à saúde.
Eles estão reunidos com arco e flecha neste momento em frente ao Dsei de São Félix do Araguaia, para uma manifestação e pedir um posicionamento da entidade. Milton foi sequestrado na sede do Dsei e levado para a aldeia Fontoura, na Ilha do Bananal, divisa de Mato Grosso com o Tocantins.
Conforme um dos indígenas da aldeia, Junahu Karajá, por volta das 19h de ontem, o coordenador pediu para ir pescar na beira do Rio Araguaia. Na oportunidade, Milton ligou através do próprio celular, para um funcionário da Funasa (Fundação Nacional da Saúde) para ir resgatá-lo. Dois servidores chegaram de barco no local sem fazer barulho, e conseguiram pegar o coordenador.
Juanahu garantiu que Milton foi bem tratado e alimentado. Durante o sequestro, ele disse que os caciques da aldeia tentaram manter um diálogo com o coordenador, no entanto, não houve progressos. “Ele sempre dava as mesmas justificativas de que daqui 3 ou 4 meses tudo se resolveria. O tempo passou e nada aconteceu até agora”.
Mais de 100 índios estão concentrados em frente à sede da Dsei, para exigir um contato mais próximo com o secretário especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, para que ele possa ver a situação da aldeia com a falta de assistência.
“Muita gente aqui na aldeia já morreu por isso. A falta de acesso é um dos problemas maiores. Para sair da aldeia e ir ao hospital mais próximo dura 24 horas. Se fosse de avião, duraria 1 hora mais ou menos”, ressalta Juanahu, que teve a mãe morta por problemas pulmonares, devido a falta de assistência.
A reportagem tentou entrar em contato com o Dsei, mas mas não obteve retorno.
Foto: Vanessa Lima/O Repórter do Araguaia
