Nesta sexta-feira (18), Renato Portaluppi completa quatro
anos à frente do Grêmio. É a terceira passagem do treinador pelo clube e a mais
longeva, desde que foi campeão do mundo como jogador. A conquista de 1983, lhe
valeu inclusive uma estátua em sua homenagem na esplanada da Arena do Tricolor
Gaúcho, na capital Porto Alegre (RS). Apesar de ídolo, surgem cada vez mais
críticas entre os torcedores e rumores de que mais um técnico pode perder o
cargo no recém-iniciado Campeonato Brasileiro, independente do tempo e dos
serviços prestados.
“Os próximos jogos contra o Fortaleza e o arquirrival
Internacional pela Libertadores da América serão decisivos”, acredita Waldir
Luiz, comentarista da Rádio Nacional. Ele destaca ainda a vitoriosa passagem de
Renato pelo Imortal. “Em 2016, ganhou a Copa do Brasil, recuperando um time
meio esfacelado. No ano seguinte, a Libertadores da América e, agora, levou o
terceiro título consecutivo no estadual”.
Durante coletiva hoje (18), o presidente do clube Romildo
Bolzan reiterou sua convicção no trabalho de Portaluppi. No entanto, o
treinador foi enfático ao comentar as críticas recentes. “Se achar que
estou atrapalhado, vou ser o primeiro a sair. Ainda mais no clube que amo, que
me dedico há quatro anos. Quando não estiver me sentindo bem vou ser o primeiro
a sair. Resolvo em dois minutos, afirmou.
O tricampeonato gaúcho conquistado recentemente diante do
Caxias do Sul era um feito que não acontecia há 32 anos. Contudo, a queda de
rendimento no Brasileirão e a derrota na última quarta-feira (16) para os
chilenos da Universidad Católica no retorno da Copa Libertadores, aumentaram a
pressão sobre o treinador. O grupo de cerca de 50 torcedores que foi ao
aeroporto no dia seguinte recepcionar o time, e deixou o recado, “Não é mole
não, ganhar Gre-Nal virou obrigação”.
O jornalista Márcio Guedes, comentarista da TV Brasil,
lembra que a permanência de um treinador tanto tempo no cargo contraria as
estatísticas nacionais. Em 2020, em dez rodadas, sete técnicos já foram
demitidos na Série. Antes da sequência de títulos gremistas, Renato só havia
conquistado uma Copa do Brasil pelo Fluminense, em 2007. “Ele provou que é um
profissional de bom nível e que vem evoluindo. Não se trata de um grande estrategista,
mas tampouco de um técnico fraco. Agora, as últimas atuações do time são
sofríveis. Há desgaste físico e houve a perda de Luan e Everton Cebolinha”.
Para Mário Silva, cronista esportivo da Rádio Nacional,
existe uma conjuntura negativa. “Além de perder jogadores importantes, muito
tempo no comando cria um desgaste natural. Também falta dinheiro, por conta da
pandemia, para maiores investimentos. A mudança é possível e faz parte da nossa
mentalidade: nós não somos britânicos”, ressaltou Silva, em alusão ao
escocês Alex Ferguson, que ficou 27 anos no comando do Manchester United, e se
sagrou o maior campeão de todos os tempos.
Rádio Nacional