São muitas as razões que levam um treinador a barrar um jogador. O motivo pode ser disciplinar, tático, técnico ou até mesmo pessoal. Contudo, ao menos no Fluminense de 2005, uma tempestade noturna engrossou a lista de Abel Braga.
Com o Maracanã fechado para obras, o Tricolor mandou a maioria de seus jogos em Volta Redonda, cidade localizada no sul do estado. Lá, o time chegou a passar semanas inteiras treinando para partidas importantes.
Em uma dessas ocasiões, ocorreu a inusitada história, contada por Abel Braga e que teve como protagonista o ex-volante Marcos Aurélio.
Contratado por indicação do treinador, o meio-campista não agradava à torcida tricolor por seu desempenho em campo. No entanto, o técnico teimava em sua escalação, até que um belo dia, ou melhor, uma bela noite, uma torrencial chuva o tirou de vez da equipe.
Abel Braga havia, durante à tarde, treinado os titulares com a presença de Marcos Aurélio. No dia seguinte, não deu pistas do time e bateu papo com os jornalistas após a atividade, véspera de um jogo importante.
Na resenha, foi questionado se Marcos Aurélio estava mesmo confirmando. Foi quando Abelão surpreendeu a todos.
– Não vai jogar. Naquela chuva que caiu ontem ele morreu de medo dos raios, do trovão. Pô, um negão daquele tamanho com medo de raio? Não vou colocar para jogar, não.
A declaração fez os presentes caírem na gargalhada. No entanto, as risadas deram lugar à fúria na manhã seguinte, quando Abel, com um jornal na mão, foi atrás de um repórter que publicou a história durante o café da manhã no hotel.
– Cadê ele? Eu contei a história na resenha, pô. Confiei em vocês e sai no jornal. Também não falo mais com vocês. Isso é sacanagem.
Por sorte o jornalista já havia retornado ao Rio de Janeiro e escapou das mãos de Abel Braga. O placar da partida e o adversário? Ninguém lembra.