Nos últimos 4 anos o consumo de etanol em Mato Grosso aumentou 288%, atingindo em 2010 aproximadamente 415 milhões de litros. A demanda é menor que o volume produzido pelas usinas sucroalcooleiras do Estado, que somou 583,1 milhões de litros na safra 2010/2011. No mesmo intervalo houve uma evolução 14% na produção de álcool hidratado, ritmo de crescimento desproporcional, o que provoca reações no mercado, como alta nos preços e restrição na distribuição do produto, como está ocorrendo atualmente.
Apesar da diferença entre o aumento do consumo e o da produção, especialistas e produtores julgam ser cedo para falar em "apagão", como foi mencionado no fim de semana na imprensa nacional. O economista e professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), José Manuel Marta, explica que o Brasil é um grande produtor de combustíveis, tanto fósseis quanto vegetais e que o momento de elevação a preços inéditos é consequência de mercado. Na análise do professor, houve uma migração da produção do etanol para o açúcar por causa da valorização da commodity no cenário internacional. Aliado a isso, problemas com seca resultaram na redução de álcool em todo o país, o que levou os preços a serem reajustados em até 30% este ano. Consequentemente, os consumidores, pensando no rendimento dos veículos, passaram a optar pela gasolina.
O problema de escassez do derivado de petróleo surge porque 25% de sua composição é de álcool anidro, que também provém das usinas. Diretor-executivo do Sindicato das Indústrias Sucroalcooleira de Mato Grosso (Sindálcool/MT), Jorge dos Santos reforça a sazonalidade do problema ressaltando que o Estado produz o suficiente para o abastecimento local e que não há falta de etanol ou álcool anidro. Segundo Santos, houve um acompanhamento de preços com estados do Sudeste, onde a escassez foi acentuada. Os motivos ele afirma não saber, mas critica a falta de uma legislação que determine às empresas distribuidoras de combustíveis a armazenarem o etanol para a entressafra. "Atualmente os investimentos em armazenamentos são restritos aos usineiros. As distribuidoras fazem um papel estritamente de transportadoras".
Para o gerente Comercial da distribuidora Idaza, Tadeu Ramos, é incoerente dedicar o armazenamento às distribuidoras até por questões de espaço físico. Segundo ele, o que falta é política de comercialização, ou seja, limitar o que pode ser vendido em cada período para equilibrar o abastecimento. "Quando começa a produção, as usinas, precisando de caixa, comercializam grande parte da produção por preços menores e quando chega a entressafra falta combustível".
O Sindicato Nacional das Distribuidoras de Combustíveis (Sindicom) afirma, por meio de nota, que os elevados preços do etanol hidratado provocou uma migração para a gasolina. Com isso, nos meses de março e abril houve queda de cerca de 70% no consumo de etanol. A gasolina, por sua vez, teve suas vendas aumentadas em mais de 25% e por isso houve essa oscilação de preços.
Mesmo com o início da safra em abril, não houve redução nas bombas e de acordo com o diretor do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis de Mato Grosso (Sindipetróleo), Bruno Borges, o preço da gasolina continua sendo reajustado. Na última semana, o produto chegou aos postos a R$ 2,72/l. Tadeu Ramos, da distribuidora Idaza, afirma que semanalmente há reajuste e que o abastecimento ainda é fracionado. Para ele, a queda nos valores só será possível em maio.
Outras produções – Usinas de Mato Grosso, que atualmente são 10 em atividade, deverão produzir 14,2 milhões de toneladas na safra 2011/20110, volume 4% ao que foi produzido anteriormente. A pequena variação mostra que não haverá comprometimento ao etanol. O álcool anidro, que é adicionado à gasolina, vai passar de 274 milhões/l para 320 milhões/l, o aumento porém não compromete a produção do hidratado.
Gasolina – O consumo de gasolina tem registrado evoluções gradativas nos últimos anos no Estado. Em 2007, 347,6 milhões/l foram comercializados e ano passado foram 393,8 milhões/l, crescimento de 13%. Nos 2 primeiros meses deste ano, porém, houve alta de 15% com relação a janeiro e fevereiro do ano passado.