Dois moradores do município de Luciara (1.166 Km a nordeste de Cuiabá) identificados pelos nomes de Jùnior Lico e Roberto Maciel foram presos pela Polícia Federal (PF) na manhã desta terça-feira (24), sob acusação de estarem incitando os protestos num conflito envolvendo fazendeiros, posseiros e retireiros. Apontados como líderes do protesto, os acusados serão indiciados nos crimes de constrangimento ilegal, dano, incêndios, formação de quadrilha e ameaças.
Uma terceira pessoa, ligada ao movimento de protesto, também está com prisão decretada e poderá ser presa a qualquer momento na região. A informação é da assessoria da Polícia Civil que também participa das investigações e acredita que os ataques registrados na região, que incluem 2 casas incendiadas e um imóvel de um diácono no núcleo urbano alvejado com vários tiros, são em represália contra a criação de uma Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS).
Júnior e Roberto que não tiveram as idades informadas foram presos por mandados de prisão temporária (5 dias), decretados pela Justiça Federal e cumpridos pela Polícia Federal (PF) com apoio do delegado da Polícia Civil de São Félix do Araguaia, Waner dos Santos Neves, que também responde pelo município de Luciara.
De acordo com Neves, os presos foram levados para a delegacia da Polícia Civil, em São Félix do Araguaia, para serem ouvidos acerca do incêndio de 2 residências de membros da Associação de Retireiros do Araguaia, ocorridos na semana passada. A investigações também apuram o tiroteio contra a casa de um diácono da Igreja Católica. Segundo o delegado, outras pessoas também estão sendo ouvidas em Luciara.
O clima de tensão continua região que teve as vias de acesso bloqueadas durante 5 dias, mas já recebeu apoio de policiais federais nesta terça-feira. Contudo, o delegado da Polícia Civil garante que não há mais bloqueios na rodovia de acesso à cidade. Um dos motivos da confusão é que fazendeiros e posseiros temem perder suas terras com a criação da Reserva de Desenvolvimento Sustentável, na localidade, que beneficiaria os retireiros.
Os protestos começaram na semana passada, quando um grupo de estudantes de Geografia da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) foi impedido por fazendeiros e posseiros de entrar na cidade para fazer estudos na área de 108 mil hectares de terras.