Nesta sexta-feira (18), será exibido o 209º – e último – capítulo da novela Ti-ti-ti (Globo). A trama, adaptada por Maria Adelaide Amaral, devolveu à faixa das 19h o trilho do sucesso, com médias de audiência na casa dos 35 pontos, contra 24 de sua fracassada antecessora, Tempos Modernos.
Para especialistas em TV ouvidos , o segredo para tamanha repercussão está no foco aos fatos do cotidiano. Pesquisador da USP (Universidade de São Paulo) e autor do livro Quem Matou… O Romance Policial na Telenovela (editora Annablume), Claudino Mayer apontou o dia-a-dia dos brasileiros comuns como o grande trunfo.
– A Maria Adelaide trouxe muitos núcleos bem próximos ao telespectador. E todos com função social: é trabalhando e lutando que se consegue algo. E esta é uma situação do cotidiano do brasileiro, que corre atrás, às vezes não dá certo, mas depois engrena na vida, o que foi bem representado na novela.
A grande quantidade de núcleos (do Belenzinho, dos estudantes, da revista Moda Brasil, da agência de modelos, dos estilistas…) também foi um destaque na trama, na opinião de Mayer.
– Cada núcleo, todos bem diferentes, tinha um vilão e uma mocinha separados da principal, que era a personagem Marcela [vivida por Isis Valverde]. E todos tinham destaque. Esta independência fez história.
Para o especialista, Ti-ti-ti ainda inovou na linguagem.
– A novela foi uma dramédia, mistura de drama com comédia. Maria Adelaide inovou na linguagem. A trama tinha ritmo e agilidade do aqui e agora, funcionando como uma metáfora da nossa vida. A autora não segurava os conflitos, o que criava expectativa. Essa pouca durabilidade é como na vida, daí a grande proximidade com o público.
Claudia Raia foi destaque, assim como as participações de Xuxa e outros. Foto João Miguel Junior/Globo
O grande destaque da novela para Mayer foi o ator Murilo Benício.
– Ele foi o grande recheio do bolo. Era a síntese do perde e ganha do brasileiro, sempre em busca de ascensão pelo trabalho. Misturava drama e comédia. O personagem dele cativou, era ousado, abusado, manipulador.
O casal Marcela e Edgar (Isis Valverde e Caio Castro) foram o "chantilly" do bolo por terem um "brilho especial e o amor sempre presente". Já a bola fora, para Claudino Meyer, ficou com o Jacques Leclair interpretado por Alexandre Borges.
– O tom que ele deu não foi bom. Ele era afeminado o tempo todo e eram muitos trejeitos que acabavam confundindo. Ficou parecendo um Zé Bonitinho gay.
Texto ágil chamou a atenção
Já para o autor do livro Almanaque da Telenovela Brasileira (Panda Books), Nilson Xavier, o destaque da trama foi o texto.
– A novela fez sucesso porque tinha a história original escrita pelo Cassiano Gabus Mendes e ganhou uma atualização muito bem contada pela Maria Adelaide Amaral, que soube mesclar muito bem as tramas. Ti-ti-ti foi muito redonda. O mérito foi do texto da Maria Adelaide, acima de tudo, que provocou grande identificação com o dia-a-dia do telespectador.
Apesar disso, Xavier apontou uma "barriga" – recurso usado pelos autores para prolongar a novela.
– A novela teve uma "barriguinha". Teve que ser esticada por conta do sucesso. Se tivesse ficado com menos de 200 capítulos, seria melhor. Ainda sim, o saldo é positivo. Um dos destaques foram as participações especiais, que mantém o interesse pela trama.
O especialista escolheu as atuações de Claudia Raia – "foi muito carismática" -, Murilo Benício, Alexandre Borges, Isis Valverde, Giulia Gam, Dira Paes e Rodrigo Lopes.
– Todos estavam muito bem, mas teve ainda os desperdícios da novela. Malu Mader, Christiane Torloni e Marco Ricca não tiveram destaque.
Maria Adelaide Amaral é só felicidade
A novelista, que vai escolher nesta sexta-feira (18) mesmo qual será o final da mocinha Marcela – foram gravados desfechos com Renato (Guilherme Winter) e Edgar (Caio Castro) -, está radiante com o sucesso alcançado, contou ela ao R7:
– Estamos todos muito felizes com o sucesso de Ti-ti-ti.
Confira alguns desfechos da novela:
Ariclenes – ou Victor Valentim (Murilo Benício) – continua na moda e termina a trama ao lado de Marta (Dira Paes). Seu rival, Jacques Leclair (Alexandre Borges) tem seu final ao lado de Clotilde (Juliana Alves). Depois de viverem brigando, eles vão se acertar. Suzana, personagem de Malu Mader, vai encontrar o amor ao lado de Fernando Flores (participação especial de Fábio Assunção).
Já a espevitada Jaqueline ficará nos braços de um personagem interpretado por Rodrigo Lombardi, também em participação especialíssima. Desirée (Mayana Neiva) desencana de Armandinho (Alexandre Slaviero) e termina com Jorgito (Rafael Lisboa). Mas o ex da modelo não ficará sozinho: seu par será Amanda (Thayla Ayala).
A carreirista Stéfany vai se dar bem e fica rica e famosa após vencer um reality show. O estudante Luti (Humberto Carrão), que ficou a novela inteira balançado entre Val (Juliana Paiva) e Camila (Maria Helena Chira), escolhe a patricinha filha de Rebeca (Christiane Torloni).
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