A versão do ex-secretário de Fazenda de Mato Grosso, Eder Moraes (PHS), de que não tem dinheiro em suas contas, é confirmada pela Polícia Federal (PF) e pela Justiça Federal. As autoridades envolvidas nas investigações ainda não conseguiram bloquear os R$ 16 milhões, que deverão ser ressarcidos por Moraes. Mas isso não significa que elas estejam convencidas e muito menos que vão sossegar na “caçada” ao dinheiro do ex-secretário.
Ums das razões da “desconfiança” é o fato de que Eder, mesmo condenado a 69 aos de prisão e com todas as contas bloquedas, continua ostentando e levando uma vida luxuosa, segundo investigações da Polícia Federal. Durante a coletiva de imprensa sobre a 8ª fase da Operação Ararath, detalhes dos “gastos milionários” do ex-secretário foram repassados pelo delegado regional da PF em Mato Grosso, Marco Aurélio Faveri.
Questionado se existem diligências para tentar localizar possíveis contas ocultas ou em nome de “laranjas” para favorecer Eder no Brasil ou no exterior, o delegado disse que sim. “Vamos localizar os valores. Se estão no exterior, no Brasil ou em outro planeta, isso está dentro da nossa estratégia de investigação”, disse Faveri, arrancando gargalhadas dos jornalistas que participavam da coletiva. Ouça o áudio.
Eder foi o principal alvo da 8ª etapa da Ararath, deflagrada em novembro de 2013, que segue sem perspectivas de ser encerrada, uma vez que milhares de documentos já foram apreendidos nas fases anteriores e, à medida em que vão sendo analisados minuciosamente, resultam em novas diligências e possivelmente mais fases da operação.
Embora a residência do ex-secretário não tenha sido alvo de mandados de busca e apreensão, imóveis de familiares da esposa dele, Laura da Costa Dias, de um policial militar e um servidor da Secretaria Estadual de Fazenda (Sefaz) foram vasculhados.
De acordo com o delegado Marco Faveri, o que chama atenção é a ausência de movimentação nas contas de Eder e Laura apesar do padrão elevado de vida, mantido mesmo após as prisões dele e o bloqueio determinado pela Justiça Federal.
“Ele está sobrevivendo muito bem pra quem não tem movimentação financeira”, ressaltou o delegado ao explicar que a própria residência tem um elevado gasto mensal para ser mantida. “Foram encontradas contas de cartão de mais de R$ 10 mil, contas de energia de até 5 mil. Para quem não tem movimentação financeira isso é um pouco estranho”, comentou.
Nos depoimentos prestados à Polícia Federa Eder Moraes nega que esteja levando uma vida luxuosa, mas não convence os delegados envolvidos na investigação. “Os valores estão bloqueados, entretanto ainda assim ele conta com amizades para o pagamento de contas. É o que ele tem dito”, destacou o delegado.
Dificuldades financeiras
No final de outubro, Eder concedeu uma entrevista ao Gazeta Digital e lamentou a falta de dinheiro. Chegou afirmar que, desde que passou a ser investigado na Operação Ararath, já enfrentou diversos tipos de dificuldades financeiras.
“Eu não tenho dinheiro nenhum, não tem absolutamente nada. Também nunca roubei qualquer centavo de dinheiro público. Eu desafio qualquer um a provar que tenho dinheiro guardado aqui ou no exterior. Já passei até por dificuldades financeiras”, queixou-se.
