O descontentamento com o andamento de projetos voltados à participação de Cuiabá na Copa do Mundo, daqui a três anos, e as intrigas políticas que culminaram na troca de acusações entre diretores são os principais motivos elencados pelos deputados para justificar apoio à proposta de extinguir a Agecopa (Agência Estadual de Execução de Projetos da Copa do Mundo).
Para o presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (PP), a decisão do governador Silval Barbosa (PMDB) é considerada acertada. "Não podem o Governo e a Assembleia Legislativa atuar para resolver conflitos internos e esquecer de projetos maiores. A Copa em 2014 é uma conquista do Estado que não pode ficar, em momento algum, colocada em segundo plano", afirmou.
Para Riva , a criação da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa) vai ser mais benéfica. "Com o governador exercendo mais controle [sobre a pasta], acredito que vai ter melhor melhor andamento dos projetos", completou.
A defesa pela mudança na condução dos preparativos para a Copa do Mundo une parlamentares da oposição e situação. O deputado Zeca Vianna (PDT) afirmou que está preocupado com o andamento das obras em Cuiabá.
"Para desenvolver um projeto macro, como o BRT ou VLT, precisa priorizar, em um primeiro momento, as obras de desbloqueio, para impedir transtornos no trânsito, enquanto houver a execução de um projeto maior. Isso revela falta de planejamento e organização da Agecopa, que se mostrou inoperante. É impossível desenvolver essas obras ao mesmo tempo", disse.
Crítico contumaz da Agecopa, o deputado Emanuel Pinheiro (PR), que sugeriu a extinção da autarquia em fevereiro, elogiou a iniciativa do Estado. "Nenhuma das demais 11 cidades-sede optou por uma estrutura faraônica para desenvolver projetos da Copa. O governador Silval Barbosa, que tanto luta para angariar recursos a esse projeto, vai exercer mais controle e pôr fim a essa angústia dos cuiabanos, em não ver as obras saírem do papel", afurmou.
Refém
Para o deputado Jota Barreto (PR), a decisão do governador Silval Barbosa em extinguir a Agecopa evita que o Executivo acumule problemas. "Sou totalmente a favor. Precisamos que os projetos tenham andamento e o governador não pode virar refém de briga política. Não podemos ser tolerantes com os desmandos", disse.
Por outro lado, o deputado Dilmar Dal'Bosco (DEM) classificou a criação da Agecopa como o maior erro da administração estadual. "Isso nunca deveria ter existido. Não consigo entender para que servem diretorias de Turismo, Infraestrutura, Comunicação e Marketing, quando se tem secretarias de Estado para desenvolver projetos nestas áreas", observou.
Dal-Bosco disse ainda que houve desequilíbrio financeiro do Estado, ao patrocinar a estrutura da Agecopa. "O Estado deve fortalecer a estrutura das secretarias para atender municípios do interior e projetos da Copa do Mundo. O que não pode é criar cargos desnecessários, os de dois administradores no Turismo e Comunicação e Marketing", completou.
A estrutura da Agecopa é composta por 164 servidores, sendo 108 comissionados, ou seja, resultados de indicações políticas, 37 efetivos e 19 estagiários. O gasto mensal com folha de pagamento atinge R$ 470 mil.
Oposição à gestão estadual, a deputada Luciane Bezerra (PSB) concordou com a criação da Secretaria Extraordinária da Copa. "Não tenho dúvida de que é a melhor opção. Com as ações controladas diretamente pelo governador, não haverá mais desculpas para atrasos e brigas políticas emperrando projetos", disse.
Sem indicação política
Conforme o líder do Governo no Parlamento, Romoaldo Junior (PMDB), o perfil mais técnico do que político vai ser explorado na estrutura da Secopa.
"Serão convocados servidores de carreira e aprovados no último concurso público para auxiliar no andamento dos projetos. A sociedade cobra resultados e somente profissionais com qualificação vai dar andamento a essas ações", revelou.
A indicação de cargos feitas por deputados também vai perder força. "Nenhum deputado vai nomear ninguém. O governador tem autonomia para cuidar disso", afirmou o deputado.