Uma pesquisa da organização Cancer Research UK listou dez sintomas de câncer que muitas vezes são ignorados pelos cidadãos britânicos. A ONG diz que isso pode atrasar possíveis diagnósticos da doença.
Veja abaixo os sintomas e a que tipo de câncer eles podem estar relacionados:
Tosse e rouquidão (câncer de pulmão)
Aparição de caroços pelo corpo (dependendo da região do corpo, pode indicar câncer)
Mudança na rotina intestinal (câncer no intestino)
Alteração no hábito de urinar (câncer na bexiga)
Perda de peso inexplicável (pode estar ligada a diversas variações da doença)
Dor inexplicável (pode indicar vários tipos de câncer)
Sangramento inexplicável (pode estar ligado a cânceres no intestino, na medula ou na vulva)
Ferida que não cicatriza (por estar ligada a diversas variações da doença)
Dificuldade de engolir (câncer no esôfago)
Mudança na aparência de uma verruga (câncer de pele)
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Outro fator que motivaria os britânicos a não procurar ajuda seria o receio de “desperdiçar” o tempo dos médicos com esse tipo de suspeitas.
Os pesquisadores da entidade entrevistaram 1.700 pessoas com mais de 50 anos de idade. Mais da metade (52%) afirmou ter sentido ao menos um dos sintomas nos três meses anteriores à pesquisa.
Em um estudo qualitativo mais aprofundado, a Cancer Research UK se concentrou no caso de 50 das pessoas que tiveram os sintomas. Foi constatado que 45% delas não procuraram ajuda médica após senti-los.
Uma das pacientes relatou não ter ido fazer exames após sentir dores abdominais.
— Algumas vezes eu pensei que era grave… mas depois, quando a dor melhorou, você sabe, pareceu não valer a pena investigar.
Um homem, que percebeu mudanças na rotina na hora de urinar, disse aos pesquisadores: “Você só tem que seguir em frente. Ir muito ao médico pode ser visto como um sinal de fraqueza e podem pensar que você não é forte o suficiente para lidar com seus problemas”.
A pesquisadora Katrina Whitaker, ligada à University College London, afirmou: “Muitas das pessoas que entrevistamos tinham os sintomas que dão o alerta vermelho, mas elas pensavam que os sintomas eram triviais e por isso não precisavam de assistência médica, especialmente se não sentiam dor ou se ela era intermitente.”
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Segundo ela, outros disseram que não queriam criar caso ou desperdiçar recursos do sistema de saúde público. O autocontrole e o estoicismo dos britânicos contribuem para esse tipo de atitude, e a persistência dos sintomas fazem com que as pessoas passem a considerá-los normais, de acordo com a pesquisadora.
Ela disse ainda que muitos pacientes só procuraram médicos depois que tiveram contato com campanhas de conscientização ou receberam conselhos de amigos ou de familiares.
Segundo o médico Richard Roope, na dúvida, é sempre melhor procurar um médico. Ele disse que muitos desses sintomas não são causados pelo câncer – mas se forem, o rápido diagnóstico aumenta as chances do paciente no tratamento da doença.
Ele afirmou que atualmente cerca da metade dos pacientes diagnosticados conseguiriam sobreviver por mais de dez anos.
Alarme falso
Uma outra pesquisa, também financiada pela Cancer Research UK, constatou que um “alarme falso” pode desestimular os britânicos a continuarem investigando possíveis sintomas da doença.
Para essa pesquisa, a University College London analisou 19 estudos científicos pré-existentes.
A pesquisa constatou que cerca de 80% das pessoas que são submetidas a exames para checar a existência do câncer após a manifestação de sintomas descobrem que não sofrem da doença.
Esse grupo tenderia a ficar desestimulado a voltar a investigar eventuais novos sintomas. Entre as principais razões para isso, segundo a organização, estariam a falta de orientação recebida dos médicos durante os exames anteriores e o temor de ser visto como “hipocondríaco”.
“Pacientes que vão a seus médicos com os sintomas obviamente ficam aliviados ao saber que não têm câncer. Mas como nosso levantamento mostra, é importante que eles não sintam uma falsa sensação de segurança e entendam que ainda devem procurar ajuda se perceberem sintomas novos ou recorrentes”, afirmou Cristina Renzi, uma das pesquisadoras envolvidas no estudo.
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