Objetivo de Maggi agora é desarmar a “bomba” Pagot

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A decisão do senador Blairo Maggi (PR) de ouvir seus sócios no conglomerado da família, o Grupo Amaggi, em Mato Grosso, para discutir a conveniência de aceitar ou não o convite para assumir o Ministério dos Transportes, para analistas políticos, foi uma saída estratégica do republicano, com o objetivo de se afastar, pelo menos nesse momento, do cenário político nacional.

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aggi já estaria preocupado com a ampla exposição de seu nome, não apenas pelo fato de ter se transformado na opção "número 1" para o cargo, mas também por carregar o estigma de ser o "padrinho" do diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), Luiz Antonio Pagot, afastado do cargo sob suspeita de corrupção. 

Na prática, o republicano já se decidiu: não vai aceitar o cargo de ministro. Na sexta-feira (8), ele vazou para a imprensa a notícia, em vez de comunicar diretamente à presidente Dilma Rousseff. 

Esse comportamento levou a analista política do canal a cabo GloboNews, a jornalista Eliane Cantanhêde, a sugerir que Maggi está "fugindo da raia". E deduziu que ele dá muito mais importância à articulação com o seu partido, o PR, do que com a presidente da República.

Comentarista político do SBTCarlos Chagas diz que este fim de semana será dedicado pelo senador Blairo Maggi "à tarefa de desarmar a bomba", ou seja, convencer Luís Antônio Pagot a não denunciar o PT como responsável maior  pelas decisões de superfaturamento  de obras rodoviárias executadas pelo DNIT. 

"Já que o PR conseguiu dobrar a presidente Dilma, levando-a a convidar Maggi, mesmo que ele não aceite, ficará patente a força do partido para indicar outro ministro. Mas apenas se Pagot recolher os flaps, não decolar e voltar ao hangar.  Caso deflagre a guerra das acusações, nada feito. Como o já agora ex-diretor do  DNIT é fiel acólito do senador por Mato Grosso, tudo indica que poderá refluir. Depois, dirá que as ameaças não  passaram de intriga da imprensa…", observa o jornalista, na sua coluna deste sábado (9), publicada em 12 jornais e em vários blogs e sites.

Choque de interesses

Colunista de Veja, o jornalista Reinaldo Azevedo ironizou o fato de Maggi buscar os conselhos de seus sócios no Grupo Amaggi para saber se era conveniente ou não virar ministro.

"É irônico o fato de que teve de ser o grupo empresarial do senador Blairo Maggi (PR-MT) a apontar o choque de interesses que sua eventual nomeação para o Ministério dos Transportes significaria. Mas isso, dirá alguém, seria o de menos. Bastaria ele se desligar de qualquer cargo e pronto! A Esplanada está cheia de ministros com consultorias 'fechadas' ou de empresários afastados da direção de suas respectivas empresas", observou Azevedo. 

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O Grupo André Maggi, que congrega as empresas comandadas por Blairo, reuniu-se e chegou à conclusão de que este não pode ser ministro por causa dos negócios que aquele mantém com o Governo Federal, o que caracterizaria um choque de interesses. Caramba! O mundo está mesmo ao contrário, e ninguém reparou! Sempre entendi que a tarefa de apontar incompatibilidades era, na esfera propriamente política, da Casa Civil, e numa outra, já ligada à área de Inteligência, da Abin. Uma analisa a trajetória política do pretendido — ou do pretendente —, e a outra, a ficha, digamos, criminal. Havendo um 'nada consta' nas duas instâncias, então se faz o convite", completou o colunista.

Ele também considerou "o fim da picada" que tenha de ser o grupo André Maggi a informar que haveria um choque de interesses entre o Blairo empresário e o Blairo ministro. "Noto que o grupo deve ter achado que estava dada a compatibilidade quando ele era governador e está dada agora, como senador", disse.

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Blairo é o padrinho de Luiz Antonio Pagot, que era o chefão do DNIT, o fabuloso Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. O Planalto passou a faca na cúpula do Ministério dos Transportes sem dar chance à reação. O senador está entre aqueles que se sentiram desprestigiados, ofendidos mesmo. Entendo. A recusa também significa a expressão de uma contrariedade — ainda que, de fato, o cargo não fosse exatamente bom para um homem de negócios", completou o jornalista, em seu artigo.

Azevedo lembrou, ainda, que 
Pagot dá sinais de que não está disposto a pagar sozinho o pato pelas lambanças no DNIT. Com efeito, ele tem dito que o PT também dava as cartas no departamento, cujas decisões, assegura, eram colegiadas. O petista Hideraldo Caron, diretor de Infraestrutura Rodoviária, teria tanto poder quanto o diretor-geral.

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(…) O lulista Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, já entrou pondo panos quentes. Percebeu que é preferível preservar Pagot a enforcá-lo. A última vez em que o PT decidiu hostilizar abertamente um aliado, tentando metê-lo na fogueira, foi em 2005. O aliado de então, tornado vítima circunstancial, chama-se Roberto Jefferson. Deu no que deu", concluiu Azevedo.

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