Silvana Ribas/ A Gazeta
Grande Cuiabá registra 384 execuções desde o dia 1º de janeiro, superando em um crime o total de mortes em todo ano de 2013, que registrou 383 crimes, entre homicídios e latrocínios (roubos seguidos de morte). Faltando 69 dias para terminar o ano, a expectativa é que 2014 seja um dos mais violentos dos últimos anos para a população da região metropolitana, que vive na Capital e Várzea Grande. Somente este mês, Cuiabá já registrou quatro latrocínios, chegando a 12 no ano. Várzea Grande também teve 12 vítimas de roubo seguido de morte, enquanto no ano anterior foram 11.
A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) atendeu 190 homicídios em Cuiabá e 170 em Várzea Grande este ano, enquanto em 2013, foram 202 crimes em Cuiabá e 147 em Várzea Grande, município que desponta como líder no aumento da violência no Estado. Foram 54% mais assassinatos este ano, se comparado janeiro a setembro do ano passado.
Segundo o delegado Silas Tadeu Caldeiras, titular da DHPP, os últimos meses têm se mostrado atípicos, com a crescente violência. Acredita que a tendência é que os índices continuem altos até o fim do ano. Ressalta que com o aumento da demanda, a investigação acaba prejudicada, pois sobrecarrega as equipes já existentes. Com isso, há uma demora maior em se chegar à autoria dos crimes.
Entre os fatores que aponta para o crescimento da violência está a demora entre a denúncia contra o acusado pelo crime e o julgamento, até a condenação e cumprimento da sentença. Silas lembra que muitos dos criminosos que mataram recentemente, aguardam a pronúncia de crimes anteriores pelos quais são acusados. Mesmo assim, depois da investigação e dos pedidos de prisões, continuam nas ruas, reincidindo nas práticas criminosas.
A falta da punição rápida e da manutenção dos acusados na cadeia, enquanto aguardam por julgamentos, gera a sensação de impunidade. Os criminosos continuam matando e a sociedade cada vez mais teme em se expor para denunciá-los, destaca o titular da Homicídios.
Em sua opinião, um dos crimes mais emblemáticos deste ano e que ainda não teve a investigação concluída, foi da chacina onde cinco pessoas foram mortas e três ficaram feridas, na noite do dia 21 de fevereiro. As vítimas estavam em um bar, no bairro São Mateus, em Várzea Grande, e foram executadas a tiros.
Os autores são quatro homens que chegaram encapuzados e deram ordem para as vítimas virarem para a parede. Em seguida fizeram dezenas de disparos, matando todos pelas costas. Entre as vítimas moradores do bairro que não tinham nenhuma passagem criminal. Várzea Grande, o segundo maior município do Estado com 265 mil habitantes hoje é, proporcionalmente, o mais violento.
