Pesquisa mostra, pela primeira vez, a participação da proteína ARHGAP21 na adesão e migração celular
Estudo de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) mostra, pela primeira vez, a participação da proteína a ARHGAP21 na adesão e migração celular. Inédita, a pesquisa feita com células humanas saudáveis e cancerígenas abre novas perspectivas para entender o mecanismo por meio do qual uma célula, principalmente a cancerígena, se adere ou não à outra e como se espalha pelo organismo.
O trabalho foi destaque da edição de janeiro da Revista de Biologia Química da Sociedade Americana de Biologia Química e Molecular.
” Todas as células do corpo, para formar os tecidos e órgãos, precisam se aderir. Nos tumores, quando a adesão se desfaz, a célula pode sair e invadir outros tecidos, gerando o que chamamos de metástase. Nesse processo de migração, a adesão é essencial. Se adesão é forte, a célula não se solta” , explica a biomédica Karin Barcellos, autora do estudo.
Segundo Karin, a pesquisa demonstra pela primeira vez a participação da ARHGAP21 no processo da formação da adesão célula-célula e que ela está na frente da migração da célula, interagindo com os microtúbulos que atuam na divisão celular. Verificou-se também que essa proteína é essencial para a transição epitelial mesenquimal e que esta transição é um fenômeno muito comum no processo de metástase tumoral. E sem ARHGAP21, não há essa transição.
O processo de adesão e migração é essencial para a formação do organismo. Quando o embrião está em formação, as células passam por um processo chamado de transição epitelial mesenquimal. Nesse estágio, as células que estão juntas, começam a se soltar e vão formar os tecidos e órgãos. Depois, este processo pára e cada célula passa a desempenhar a sua função específica. Entretanto, a transição epitelial mesenquimal está presente no mecanismo de migração e metástase do câncer. De alguma forma, as células cancerígenas que estavam grudadas se soltam e começam a se espalhar pelo organismo.
” Esta pesquisa abre um leque de coisas que podem ser afetadas pela ARHGAP21. Estudar este mecanismo é garantir que, ao retirar um tumor, ele não irá aparecer em outro lugar. Mas tudo isso é muito novo. Colocamos uma peça no quebra-cabeça de 200 mil peças” , disse Karin.
Com informações da Unicamp