Próximo a transferir o cargo de ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento à senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), em cerimônia que ocorre nesta segunda (05), Neri Geller (PMDB) faz avaliação positiva dos nove meses que esteve no comando do Mapa, mas evita opinar e polemizar sobre como visualiza a sucessora. Apenas se limita a dizer que possui um bom relacionamento com a correligionária e que deseja sorte. “O tempo vai dizer como será a próxima gestão. Eu, pessoalmente, acredito muito no trabalho dela e saio sem nenhuma mágoa”, garante. Kátia Abreu sofre resistência de grupos menos favorecidos como MST e indígenas devido a declarações sempre contra as categorias.
Maior doador da eleição faz lobby contra indicação de Kátia Abreu
Mesmo entregando o cargo, o peemedebista não descarta continuar trabalhando junto ao governo Federal já que recebeu convite pessoal da presidente Dilma Rousseff (PT) em almoço realizado com ministros, em Brasília(DF), na semana passada. As especulações seriam para que ele assuma o comando da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mas o “martelo” só deve ser batido em fevereiro, quando Neri retorna de férias. “Se eu ficar, tenho preferência por algo que possa ajudar o meu Estado e o país. A Conab é um cargo que me motiva assim como qualquer outro que esteja ligado à produção. Vou aguardar”.
Balanço
O produtor rural mato-grossense enumera feitos à frente da pasta, a exemplo dos dois últimos planos safra, passando de R$ 115 bilhões para R$ 156 bilhões para financiamentos de custeio e comercialização, além de programas de investimentos. “As linhas de crédito contaram com taxa de juros abaixo da linha da inflação”, lembra. O peemedebista também evidencia a consolidação do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp).
O Programa Nacional de Armazenamento, abertura de novos mercados e o acesso dos produtores rurais às inovações tecnológicas também são enfocados. “Assim, os produtores puderam conhecer as novidades do mercado e fomentar a automação da propriedade. Muitas vezes, eles ficavam alheios a isso”.
Outra ação importante, segundo Neri, foi a Política de Garantia de Preços Mínimos, a fim de assegurar à população segurança alimentar e, ainda, aos produtores um valor de produção que os permitiu a permanência na atividade rural. “Mato Grosso ganhou muito com essa medida. Só para se ter ideia, o milho safrinha já chegou a ser comercializado a R$ 9/saca. Graças ao preço mínimo, esse valor ficou em R$ 13,64/saca. Assim foi possível que o produtor mantivesse a propriedade e a produção e consequentemente o Estado permaneceu como uma das referências do setor”, exemplifica.
Neri reconhece, no entanto, que, apesar dos avanços assegurados com a regulamentação do Código Florestal, o Ministério ainda enfrentará percalços em razão das brechas da legislação brasileira acerca da regularização fundiária e demarcação de terras indígenas. “Isso não é culpa do Governo e sim da Constituição Federal que necessita de mudanças urgentes por meio de emendas. É preciso ter critérios mais claros e uma legislação mais adequada e correta. É uma dívida que o Estado brasileiro tem com a produção”.
Ele lembra que há dois anos conquistou o primeiro cargo público não eletivo. “Tomei posse como secretário de Políticas Agrícolas do Mapa em 07 de janeiro de 2013 e por nove meses respondi pelo Ministério. Saio muito animado e feliz pelo trabalho executado”.
Caso não seja efetivado em cargo algum no segundo escalão do governo Dilma, Neri pretende retomar os negócios junto à iniciativa privada. “Vou virar a página. Volto para Lucas do Rio Verde de cabeça erguida, na certeza do dever cumprido para cuidar da fazenda e estar próximo a minha família”, finaliza.