O motorista do suspeito de assassinar o cartunista Glauco Villas Boas e o filho dele, Raoni, entregou-se à polícia na tarde deste domingo (14). A informação foi confirmada pela Secretaria da Segurança Pública no final desta tarde, que não soube passar mais detalhes e informou apenas que ele prestava depoimento no fim da tarde, junto com seu advogado.
Desde o começo da tarde do sábado (13), policiais do SIG fazem buscas para encontrar Carlos Eduardo Sundfeld Nunes. Cinco equipes estão atrás dele verificando os possíveis locais que o jovem de 24 anos frequentava. Ele morava com os avós paternos no Alto de Pinheiros, bairro nobre da zona oeste de São Paulo. A Polícia Civil de São Paulo já acionou a Polícia Federal para evitar que o suspeito saia do país.
No sábado, a Polícia Civil encontrou o carro usado por Carlos Eduardo para fugir após o crime. O Gol foi encontrado na região de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo. A polícia, que mais cedo havia identificado o dono do carro, confirma que ele dirigia o Gol no momento da fuga.
Cinco pessoas já prestaram depoimento para a polícia: Juliana Vennis, enteada de Glauco, Douglas Pinheiro, cunhado do cartunista, e Paulo Cortegi, vizinho. Também foram ouvidos o pai e o avô do suspeito, que foram acompanhados de um advogado, segundo a SSP (Secretaria de Segurança Pública). De acordo com a SSP, não há novos depoimentos marcados, mas a polícia aguarda a disponibilidade dos familiares para ouvi-los.
Os corpos de Glauco Villas e Raoni foram sepultados por volta das 10h30. Vestidos de branco, traje da gala da doutrina do santo Daime, eles foram enterrados em caixões envoltos em bandeiras de times de futebol. O de Glauco recebeu a do Corinthians, seu time de coração, e o do filho, a do São Paulo.
Assassinato
O delegado afirmou que, segundo testemunhas, antes de morrer, o cartunista tentou impedir Carlos Eduardo Sundfeld Nunes de se matar. Os dois discutiram na entrada da casa de Glauco, em Osasco. O suspeito, que era conhecido da família por frequentar a igreja Céu de Maria, da doutrina Santo Daime, apontou a arma para si, segundo o responsável pela investigação.
Foi quando o cartunista procurou acalmá-lo, mas o rapaz virou a arma para Glauco e disparou. Em seguida, o filho dele, Raoni, chegou e foi para cima do suspeito, que também atirou contra o jovem, até matá-lo. Carlos Eduardo Sundfeld Nunes tem passagem pela polícia por porte de drogas.
Segundo o depoimento de Juliana, Sundfeld estava perturbado e dizia, entre outras coisas, que queria se matar. O rapaz pediu também, diz a enteada do artista, que Glauco fosse até a casa dele para contar a sua mãe que ele era Jesus Cristo.
De acordo com a polícia, além da pistola automática, o suspeito tinha também uma faca escondida sob a roupa. O delegado também diz que, a princípio, descarta que o jovem estivesse sob o efeito do chá utilizado no ritual de Santo Daime.
A primeira versão apresentada pelo advogado da família de Glauco, Ricardo Handro, era de que o crime teria sido uma tentativa de assalto. Depois, testemunhas falaram sobre quem seria o suposto autor do crime.