Presidente da Comissão diz que parlamentar “precisa ser respeitado, como todo ser humano”
O presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, pastor Marco Feliciano (PSC-SP), disse nesta quarta-feira (27) que se sente realizado porque mostrou ao Brasil “o que é democracia”, depois de conseguir realizar uma audiência pública com trabalhadores baianos que foram contaminados por chumbo.
Depois de muita confusão, dois manifestantes foram presos, muitas pessoas reclamaram de agressão por parte de policiais legislativos e a comissão foi transferida de sala, onde apenas deputados, convidados e parte da imprensa puderam entrar. Os manifestantes foram barrados e tentaram, inclusive, invadir o gabinete do deputado.
— Me sinto realizado hoje, conseguimos aqui manter uma barreira, mostramos ao Brasil que democracia é isso. Às vezes, é preciso tomar medidas como tomamos do outro lado [outra sala da comissão], não medidas austeras, mas medidas à luz do Regimento Interno da Câmara dos Deputados. O parlamentar precisa ser respeitado, como todo ser humano precisa ser respeitado.
Feliciano disse ainda que a reunião foi muito produtiva e que ele precisou se segurar para “conter as lágrimas” diante dos depoimentos. O deputado fez referência aos manifestantes que estavam gritando fora da sala.
— As imagens passadas aqui falavam sobre direitos humanos, sobre pessoas que precisam de representatividade, não têm vez nem voz. Possivelmente se o senhor [trabalhador que deu depoimento] tivesse há anos atrás conseguido um grupo de 20 pessoas e tivesse conseguido mantê-los aqui em Brasília, gritando pelos corredores dessa Casa, talvez já tivessem sido atendidos.
Entenda a confusão
Na tarde desta quarta-feira, Feliciano comandou a sessão da Comissão de Direitos Humanos, que contou com a presença de 40 manifestantes — 20 a favor e 20 contra a permanência dele no comando da Comissão. Durante os debates, um manifestante chamou Feliciano de “racista”, e o parlamentar mandou prender o homem.
A partir de então, armou-se uma grande confusão na sala da Câmara onde ocorria a sessão e duas pessoas acabaram presas.
Diante da confusão, Feliciano suspendeu a sessão por 5 minutos e trocou o local da reunião. O presidente da Comissão de Direitos Humanos avisou ainda que não permitiria a entrada de manifestantes nesse novo plenário.
Após a troca do local do encontro, alguns deputados contrários à presidência da Comissão, como Jean Wyllys (PSOL-RJ), pediram a palavra, mas a sessão prosseguiu normalmente.
Depois de uma reunião de praxe do PSC na última terça-feira (26), Feliciano ganhou o apoio do partido para permanecer no comando da Comissão. Líderes de partidos, porém, comandados pelo presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), se reuniram ontem para discutir a polêmica e tentar encontrar uma solução.
Senhas
Para evitar confusões como a de hoje e a da semana passada, quando Feliciano se irritou com os gritos que pediam sua renúncia e decidiu abandonar a sessão, a Polícia Legislativa da Câmara dos Deputados liberou apenas 40 senhas para os manifestantes nesta quarta-feira (27). Eram 20 favoráveis à continuidade de Feliciano na presidência da Comissão e 20 contrários à proposta.