O presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Joaquim Barbosa, afirmou, nesta quinta-feira (29), que sua decisão de se aposentar foi baseada em seu livre arbítrio e na visão republicana que ele tem da vida.
De acordo com o ministro, é preciso dar oportunidade para que outras pessoas ocupem o cargo na Suprema Corte.
Questionado sobre seus planos futuros, Barbosa descarta a possibilidade de começar a dar palestras num primeiro momento. Segundo ele, seus objetivos são acompanhar os jogos da Copa do Mundo e descansar.
— Meus planos mais imediatos são dois: primeiro ver a Copa do Mundo. E o segundo plano é descansar. Eu preciso de descanso.
Barbosa lembrou que em 2003, quando foi sabatinado no Senado Federal após a indicação do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele já deixou claro que não pretendia ficar no Supremo até os 70 anos, idade em que a aposentadoria é obrigatória.
O ministro deu a entender que sempre teve em mente o afastamento antecipado, mas precisava decidir pelo melhor momento.
— Desde a minha sabatina, caso vocês não se lembrem, eu deixei muito claro que não tinha a intenção de ficar a vida toda aqui no Supremo Tribunal Federal.
Mensalão
Perguntado sobre qual seria seu procedimento acerca dos recursos do mensalão que ainda tramitam no STF, Barbosa se mostrou cansado. O ministro afirmou que esse assunto, para ele, está superado.
— Esse assunto está completamente superado. Sai da minha a vida Ação Penal 470 [mensalão] e eu espero que saia também da vida de vocês. Chega desse assunto.
O ministro lembrou que o movimento de renovação do plenário é natural e que é preciso dar espaço para que novas pessoas cheguem, com novas visões de mundo.
Barbosa afirmou que, em 2018, todos os ministros que deram início ao julgamento do mensalão terão saído da Corte, devido à aposentadoria compulsória, e ele está apenas antecipando um processo inevitável.
— Já começa a ser um tribunal diferente. Em 2018 sairá de cena o Supremo Tribunal Federal dos últimos sete, oito anos. Razão a mais para eu me antecipar e dar lugar para outras pessoas, novas cabeças, novas visões do mundo, do Estado e da sociedade. A renovação é importantíssima.
Caravana
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) sugeriu ao ministro que ele saia em caravana pelo Brasil, ministrando palestras e compartilhando com a sociedade seus conhecimentos e sua experiência acumulada durante os 11 anos que compôs o Supremo.
No entanto, Barbosa afirmou que não pretende começar a trabalhar imediatamente. Segundo o ministro, ele está amadurecendo a decisão de se aposentar desde o início do ano, quando tirou uma licença médica para cuidar da saúde.
O ministro afirmou que a viagem que fez para a Europa, onde se submeteu a tratamentos para coluna, foi decisiva para antecipar o afastamento.
— Eu amadureci essa decisão naqueles 22 dias que eu tirei em janeiro. Estive na Grã-Bretanha e na França, foi decisivo para mim.