Médicos admitem suspender atendimento em Mato Grosso

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Representantes da classe médica de Mato Grosso e do Grupo Unidas (composto de várias operadoras de Saúde) se reúnem, na noite desta quarta-feira (24), para discutir propostas de reajustes das tabelas de pagamento, referentes aos honorários recebidos pelas consultas e outros procedimentos.

Segundo a assessoria do CRM-MT (Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso), caso as operadoras não apresentem propostas até o próximo dia 31, os médicos não descartam a possibilidade de suspender os atendimentos pelos planos que integram o grupo, por tempo indeterminado, bem como o descredenciamento em massa dessas operadoras de Saúde.

Os médicos reclamam que, apesar de os usuários arcarem com despesas referentes a reajustes nos valores cobrados pelas operadoras de planos de Saúde, o valor do reajuste não é repassado à categoria. Em Mato Grosso, os médicos estariam reféns de uma mesma tabela de preços há cinco anos.

Segundo dados de 2011, o valor médio recebido pelos médicos em todo o país é de R$ 46 por consulta. A categoria quer que o valor seja reajustado para, no mínimo, R$ 80, segundo o CRM-MT.

Reclamações


Além dos baixos honorários, o atraso no repasse dos pagamentos à rede credenciada também é uma reclamação comum da categoria.

Os médicos afirmam que esperam, por meses, para receber o pagamento de uma única consulta, razão pela qual grande parte dos profissionais, ao menos na Capital, passou a atender apenas de forma particular, sem convênio.

A categoria pede ainda pelo fim do que chama de “interferência antiética” das operadoras na relação médico-paciente.

Entre as interferências mais comuns das operadoras, segundo uma pesquisa feita pela Datafolha em 2010, estão: glosar (rejeitar ou cancelar pagamentos) procedimentos ou medidas terapêuticas, impor a redução de número de exames ou procedimentos e interferir no tempo de internação de pacientes (determinando alta hospitalar antes do tempo).

A categoria reivindica, ainda, a inserção nos contratos de índices e periodicidade de reajustes – por meio da negociação coletiva pelas entidades médicas – e a fixação de outros critérios de contratualização.

Paralisação


No último dia 11, os médicos do Estado aderiram ao movimento nacional e suspenderam o atendimento a todos os planos de saúde, em defesa das reivindicações listadas anteriormente.

Na ocasião, a paralisação afetou aproximadamente 100 mil usuários de 35 operadoras de Saúde do Estado.

Insatisfação


Segundo o presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), Florentino Cardoso, a Saúde Suplementar vive uma crise em todo o país, com milhões de pessoas recorrendo ao SUS (SistemaÚnico de Saúde) em detrimento ao atendimento particular, mesmo quando possuem planos de saúde.

Além disso, uma pesquisa recente feita pela Datafolha, em parceria com a APM (Associação Paulista de Medicina), mostra que 77% dos usuários de planos de saúde em São Paulo enfrentam problemas no atendimento, com a superlotação dos hospitais e longas filas de espera – problema que é vivenciado por pacientes em todo o país.

As restrições impostas pelos planos de saúde para a realização de exames e internações em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) também estão na ponta da lista de reclamações de mais da metade dos usuários.

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