Simone Ishizuka/ GD
Mato Grosso está entre os Estados mais violentos da América Latina, segundo instituto colombiano Brookings. Além do centro-oeste, o relatório de outubro de 2014 aponta também as regiões norte e nordeste no topo da taxa de homicídios em diversas categorias. As estatísticas mostram também que a violência gira em torno de pequenas cidades do país, inclusive em áreas rurais.
O Estado mais afetado em relação à proporção e expansão, segundo estas estatísticas, é o Pará, com alta taxa de homicídios em diversas categorias definidas pela organização que levantou os dados. Para ter acesso ao relatório na íntegra, acesse In Sight Crime.
As pesquisas, segundo a organização, foram feitas com base em seis tipos de homicídios no Brasil, que são: crime agregado, homens, mulheres, jovens, ‘não-brancos’ e com armas de fogo. Foi analisado também a relação de determinados fatores sociais, como a pobreza, o analfabetismo, o desemprego e programas de desenvolvimento em grande escala, além da violência de regiões pontuadas.
Em Mato Grosso, em específico, foram destacados três categorias, correspondetes a homicídios agregados, homens e de pessoas ‘não-brancas’. Estes dados foram constatados na região norte do Estado, divisa com o Pará e Rondônia. Nestas mesmas áreas, foi acentuado o índice de todas as classes de homicídios estipulados pela organização.
Para os autores da pesquisa, alguns resultados do levantamento foram ‘previsíveis’. Estudos apontaram que pontos críticos decorreram em regiões onde há grande marginalização social, além de existir um número grande de mães solteiras. Por outro lado, foi constatado taxas bem menores onde programas federais de auxílio, como o Bolsa Família, atuam na população indicada.
O estudo também descobriu que os projetos de desenvolvimento com alto impacto ambiental estavam ligados à violência contra as mulheres. Também postulou que o dado poderia ser por conta do fluxo de trabalhadores temporários nas regiões. “Com isso, há um aumento de prostituição nestas áreas, que correm pela fronteira com a Colômbia onde é forte o tráfico sexual”.
A pesquisa também considerou os grupos criminosos que atuam nas cidades, como o Primeiro Comando da Capital (PCC), que controla rotas de tráfico de drogas que passam por Rondônia e também por Mato Grosso, Estados fronteiriços à Bolívia e próximos à Colômbia, grandes produtoras de entorpecentes no mundo.
Com base nos resultados, os autores recomendam políticas sociais mais efetivas, abordando a marginalização. Eles também discutem a importância do desenvolvimento de políticas que visam áreas geográficas inteiras – e não apenas certas comunidades – sob medida para os problemas específicos que afetam as populações nestas áreas.
Para eles, todas essas iniciativas – melhorar as condições sociais , eliminar a presença de grupos criminosos e criar um sistema de justiça mais eficiente- devem ser tomadas em conjunto para minimizar a violência no Brasil.