O ex-secretário adjunto de Fazenda, Vivaldo Lopes, um dos alvos da 10ª fase da Operação Ararath, é apontado como parceiro de Eder Moraes no crime de lavagem de dinheiro.
Ao condenar o ex-secretário de Fazenda, Eder Moraes (PHS), a 69 anos de prisão por lavagem de dinheiro, crimes contra o sistema financeiro e falsificação de documentos, o juiz Jeferson Schneider sinaliza inclusive para uma suposta condenação de Vivaldo. A ação contra ele está conclusa para sentença desde fevereiro deste ano.
Trata-se de um processo desmembrado da primeira ação penal, em que Eder foi condenado, em virtude de uma perícia contábil na empresa do ex-secretário adjunto de Fazenda, Vivaldo Lopes, Brisa Assessoria e Consultoria que, segundo o Ministério Público Federal (MPF), recebeu dinheiro oriundo de empréstimos tidos como ilegais.
Na sentença, Schneider enfatizou que no período de 6 de janeiro de 2010 a 19 de março de 2010, a Brisa Consultoria recebeu R$ 520 mil das empresas Globo Fomento e Comercial Amazônia de Petróleo, ambas de propriedade do delator do esquema investigado na Operação Ararath, Gércio Marcelino Mendonça Júnior, o Júnior Mendonça.
As transferências bancárias foram efetuadas por indicação e orientação de Eder Moraes que também é réu na ação desmembrada.
O juiz destaca ainda a relação de amizade, confiança e suporte existente entre Eder que foi secretário de Estado de Fazenda, na gestão do governador Blairo Maggi (2006-2010), e também na atual gestão do governador Silval Barbosa (2010-2014) e Vivaldo Lopes que foi adjunto de Eder na Sefaz e depois na Casa Civil.
Schneider diz que em 6 ocasiões diferentes (Cuiabá e Várzea Grande), Vivaldo e Eder, agindo de modo livre e consciente, mediante prévio ajuste de vontades, ocultaram e dissimularam a natureza, origem, movimentação de valores provenientes, direta ou indiretamente, de infração penal, na forma do artigo 1º, da Lei nº 9.613/98, em habitualidade criminosa e concurso de pessoas.
“Todos estes elementos de prova indicam a nítida intenção dos denunciados Eder de Moraes Dias e Vivaldo Lopes Dias, que era justamente criar um meio de dissimulação do dinheiro ilícito (art. 16, da Lei nº 7.492/86)”, diz trecho da sentença de 233 páginas na qual o magistrado condenou Eder e também o superintendente do Bic Banco em Mato Grosso, Luiz Carlos Cuzziol a 31 anos de prisão no regime fechado.
A defesa de Vivaldo diz que os valores foram recebidos na conta da empresa para pagamento de contas do Mixto Esporte Clube que era presidido por Eder Moraes. Em entrevista anterior concedida ao Gazeta Digital, o advogado Ulisses Rabaneda negou a prática do crime de lavagem de dinheiro. “A perícia detectou o contrário, ou seja, que os valores saíram da conta do Vivaldo para pagar despesas do Mixto Esporte Clube enquanto ele fez uma gestão financeira. O laudo contrapõe a tese ministerial”, destacou.