Instituições de pesquisa brasileiras produzem versões próprias da vacina contra dengue

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A busca por uma vacina eficaz contra a dengue também é meta de centros de pesquisa brasileiros. Cientistas da Fundação Oswaldo Cruz, no Rio de Janeiro, o do Instituto Butantan, em São Paulo, desenvolvem, em projetos separados, vacinas que pretendem ser eficazes na imunização contra os quatro vírus que causam a dengue.

A tecnologia empregada em ambas mantém os padrões internacionais mais avançados, no entanto, nenhuma delas ainda chegou ao estágio próprio para ser testada em humanos. Para se chegar a esse processo serão necessários pelo menos cinco anos, segundo os coordenadores das pesquisas. 

A Fiocruz, vinculada ao Ministério da Saúde, começou a produzir a versão da vacina em 2002. Desde então, desenvolveu cada componente até chegar a sua versão tetravalente (composta por quatro sorotipos do vírus), que foi testada em macacos com sucesso. 

 

Depois de receberem três doses da vacina tetravalente, foram injetados nos animais três vírus da dengue em diferentes grupos. O vírus selvagem, ou quarto vírus, não foi testado, por medida de segurança, já que nunca foi encontrado no país. Atualmente a pesquisa da Fiocruz está em fase de testes pré-clínicos, ou seja, ainda não pode ser testada em humanos, explica o coordenador da pesquisa, Ricardo Galler, do Departamento de Desenvolvimento Tecnológico de Biomanguinhos (divisão de vacinas da Fiocruz). 

 

– A gente tem prova de que a vacina tetravalente funciona em macacos, pois já foram feitos os testes com os animais. Os macacos foram testados porque é o animal que mais reflete a infecção em humanos, embora não manifeste as formas graves da doença, mas permite dosar a multiplicação do vírus. 

A vacina tetravalente da Fiocruz é formulada com base no vírus da febre amarela. Dentro dele são colocados genes de todos os quatro vírus da dengue que, juntos, vão codificar uma proteína capaz de conferir imunidade contra a dengue. Essa metodologia é resultado da transferência de tecnologia com o laboratório GSK (GlaxoSmithKline), proveniente de um acordo realizado em 2009, segundo o Ministério da Saúde.

Ainda, segundo Galler, o laboratório não tem previsão de quando começará os testes da vacina em humanos. Essa fase deve acontecer daqui a dois, três anos, afirma. O possível “atraso” comparado às pesquisas internacionais podem ter fundo econômico.
– Não adianta comparar com os grandes laboratórios internacionais que têm muito mais dinheiro.

Testes em humanos já este ano

A vacina tetravalente desenvolvida pelo Instituto Butantan é resultado de uma parceria entre o Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos (National Institutes of Health), principal órgão americano de produção e financiamento de pesquisas.

De acordo com o diretor médico do Departamento de Ensaios Clínicos do Instituto Butantan, Alexander Roberto Precioso, há previsão de que comecem a testá-la em humanos até o fim deste ano ou, no máximo, até o primeiro semestre do ano que vem no país. O teste em humanos terá o objetivo de avaliar a segurança da vacina em voluntários sadios que nunca tiveram dengue.

– Vamos analisar a resposta imunológica da vacina. Todas as vacinas têm efeitos adversos, mas, essa, assim como outras, passou por séries de análises em animais para caracterizar a seguridade. 

A vacina será administrada como uma injeção intramuscular em duas doses, com intervalo de seis meses de cada uma. Na fase 1, a vacina será testada em adultos saudáveis entre 18 e 50 anos. 

– Nosso planejamento é que façamos testes com pelo menos cem voluntários. Essa fase deve durar pelo menos um ano, já que serão dadas duas doses. 

Segundo ele, a perspectiva para se ter uma vacina segura e testada no país é de pelo menos cinco anos.

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