Hospitais temem falta de insumos e reduzem ritmo de cirurgias

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Dantielle Venturini, repórter de A Gazeta


Atualizada às 20h14 – Falta de medicamentos, insumos, oxigênio e energia já preocupa os hospitais de Cuiabá. No interior algumas unidades de saúde anunciaram a suspensão de cirurgias eletivas e alguns atendimentos ambulatoriais, na tentativa de racionar os materiais existentes. No Pronto-Socorro de Cuiabá foi montado um plano de contingenciamento, para precaver contra uma possível falta caso a greve continue.

Lucas Ninno/GCOM

Apesar da preocupação na Capital, os hospitais afirmam que ainda não foram registrados problemas para os atendimentos, mas a apreensão é quanto ao desabastecimento já que muitos dos produtos adquiridos para reabastecimento de estoques, entre eles insumos básicos e remédios, não chegaram por causa da greve.

No Hospital Universitário-Geral a assessoria de imprensa informou que a direção da unidade está preocupada com um possível desabastecimento de oxigênio e, por isso, tem trabalhado para garantir a duração do material. Caminhões carregados com cilindros de oxigênios estão parados nas rodovias estaduais e federais por causa dos bloqueios.

No interior, em Lucas do Rio Verde (354 km ao norte de Cuiabá), o Hospital São Lucas anunciou nesta sexta-feira (25) a suspensão das cirurgias eletivas. A unidade é particular, mas também atende por meio de convênio o Sistema Único de Saúde (SUS). Serão mantidas apenas as cirurgias de emergência e partos. Conforme a nota a medida foi tomada como prevenção para que não falte atendimento aos procedimentos emergenciais. O objetivo é manter um estoque de medicamentos e insumos.

Farmácias

Nas farmácias da Grande Cuiabá também já há registro de falta de alguns medicamentos. Pacientes que usam a enoxoparina, por exemplo, não estão encontrando a medicação em nenhum estabelecimento. Diretor do Conselho Regional de Farmácia do Estado do Mato Grosso (CRF-MT), Wagner Martins Coelho informou que pontualmente alguns medicamentos já devem estar comprometidos e que a se a greve durar mais uma semana, as farmácias terão sérios problemas com estoques no geral.

Ele lembra que a maioria dos remédios chega via terrestre, e mesmo aqueles que vêm transportados em aviões estão comprometidos já que os aeroportos anunciaram também a falta de combustível para as aeronaves. “De forma geral essa greve compromete todos setores”. 

Alerta nacional

Por meio de nota, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que possui 107 unidades vinculadas, alertou que a partir do início da próxima semana os hospitais não conseguirão mais garantir o acesso e a continuidade do cuidado dos pacientes que necessitarem de tratamento, se nenhuma medida imediata for adotada. Pronto-socorros correm o risco de fecharem as portas.

Veja nota na íntegra:

NOTA ANAHP – 26.05.2018
Pela preservação do cuidado aos pacientes nos hospitais

A Associação Nacional de Hospitais Privados – Anahp – vem a público manifestar sua grande preocupação com a atual situação de distribuição de insumos aos hospitais em todo o Brasil.
Em nome dos 107 associados, gostaríamos de expor o que já está acontecendo e o que pode se agravar em muito nos próximos dias.

Algumas cirurgias eletivas já vêm sendo adiadas para que se possa garantir os atendimentos de urgência e emergência; gases medicinais estão com seus estoques bastante limitados, o que afeta cirurgias, pacientes internados em UTI e atendimentos de emergência; alimentação dos pacientes já precisa de adaptações por problemas na distribuição de alimentos frescos; a coleta de lixo hospitalar já está afetada, causando problemas na estocagem de lixo; insumos para exames e hemodiálise já estão limitados; sem falar na dificuldade de acesso dos funcionários aos hospitais por problemas nos transportes públicos.

A partir do início da próxima semana, os hospitais não conseguirão mais garantir o acesso e a continuidade do cuidado dos pacientes que necessitarem de tratamento, se nenhuma medida imediata for adotada. Pronto-socorros correm o risco de fecharem as portas.

Assim exigimos mais uma vez que autoridades de governo e movimento grevista entendam a gravidade do problema e intercedam pela sua solução, adotando imediatamente as ações necessárias para evitar a indisponibilidade de medicamentos, materiais, insumos e serviços necessários para o atendimento aos pacientes.

Associação Nacional dos Hospitais Privados

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