Mais de 20% da safra das cerca de 1700 empresas ligadas ao Centro das Indústrias Produtoras e Exportadoras de Madeira de Mato Grosso (Cipem/MT) está comprometida devido a greve dos servidores da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema/MT) que já passa de um mês e não tem previsão de ser suspensa. O prejuízo aos cofres do governo já oscila entre R$ 15 a R$ 20 milhões e só será percebido no período de entressafra no início do próximo ano, quando menos impostos serão arrecadados devido a queda na produção. Caso o impasse continue, o prejuízo que por enquanto, está entre 20% e 25%, pode atingir 35% da produção para as indústrias e produtores e quem pagará a conta mais uma vez, será o consumidor.
Rodinei Crescêncio/Arquivo![]()
Sindicalista Murilo Covezzi garante que greve vai parar o Estado caso governo não atenda pleito da categoria
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Quem garante, é um dos diretores do Cipem, José César Mazon, que mesmo apoiando a categoria que atualmente recebe R$ 2,8 mil, e reivindica salário inicial de R$ 6 mil e R$ 11,3 mil no final da carreira, diz que é preciso as duas partes irem “desarmadas para a negociação”. Mazon que acompanha as negociações fracassadas desde o início, lamenta a atitude do governo, que segundo ele, não cumpriu com a palavra ao prometer negociar após suspensão da greve, e no final não concedeu o aumento e ainda recorreu à Justiça. “Não adianta declarar a greve ilegal e impor condições, pois os funcionários vão apenas fingir que estão trabalhando, e sem as licenças ambientais, a produção fica comprometida" enfatiza.
Em pleno período de safra, o setor produtivo e madeireiro já amarga prejuízos milionários que serão conhecidos na prática, durante os meses de fevereiro, março e abril. “É justamente no período da piracema que vai faltar o produto, que não foi estocado na época da seca”, diz Mazon ao lembrar que o período chuvoso é inviável para retirar a madeira da mata. Com o produto em falta, o preço sobe e o consumidor é penalizado. “Sem contar que safra reduzida significa menos impostos e portanto, prejuízos para o governo”, acrescenta.
Negociações: Após suspenderem a greve por 3 dias a pedido do governo que prometeu apresentar nova proposta e não cumpriu, os servidores cruzaram novamente os braços nesta sexta-feira, com a promessa de questionar a atual gestão da Sema e pedir a “cabeça” do secretário Alexander Maia, conforme informou Murilo Covezzi, porta-voz do comando grevista. Para José César Mazon que também é presidente da Fundação de Apoio aos Madeireiros (Famad), um dos 8 sindicatos ligados ao Cipem, o governo “jogou muito duro” ao prometer negociar e reapresentar uma proposta já rejeitada.
“Nós acompanhamos a greve desde o início e presenciamos as promessas que não foram cumpridas”, conta Mazon que mesmo com o recesso na Assembleia Legislativa, busca apoio dos deputados para sentar e conversar com o governo, pois segundo ele o prejuízo atinge não só o setor produtivo, mas toda a sociedade. Os servidores, que atualmente recebem R$ 2,8 mil, reivindicam salário inicial de R$ 6 mil e R$ 11,3 mil no final da carreira. Sindicato dos Trabalhadores em Entidades Públicas de Meio Ambiente (Sintema) também cobra desde 2007 a reestruturação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS). Governo acena com 33% de reajuste divididos em 3 anos.