“Senti um frio na espinha que percorreu todo o meu corpo, senti naquele momento que eles estavam dispostos a nos matar”. Foi assim que começou o desabafo do pecuarista Fleurimar Ferreira que também é proprietário de um rancho em uma área de aproximadamente 2 alqueires próximo ao Rio Xingu, onde foi invadido por índios Caiapós no dia 3 de fevereiro. Segundo o pecuarista, ele teria ido até o local depois de receber algumas ligações informando que um grupo de Índios estaria invadindo ranchos e uma pousada que estava fechada no local.
Ele conta que chegando no local perceberam de imediato uma camionete carregada com motores, barcos, freezers e outros produtos que os índios teriam furtado dos ranchos, inclusive de uma pousada conhecida como Pousada Trairão, que esta fechada a mais de um ano. Segundo Fleorimar Ferreira os índios pegaram os motores e canoas da pousada que inclusive estavam com lacres do IBAMA.
“Nós tivemos a informação de que os índios estavam invadindo e roubando tudo que é nosso lá, aí pensei em ir lá e retirar as minhas coisas, mas quando chegamos a situação era diferente, os índios estavam ameaçando pra valer”, contou Ferreira.
O proprietário rural ainda contou que cerca de 40 índios estavam no local e a maioria fortemente armados com espingardas calibre 12 e 20. “Os índios começaram a sair de dentro da mata e todos com armas, eles chegaram a encostar a arma na minha costela, eu pensei que ia morrer, nossa sorte foi que o Major Castelo soube conduzir a conversa para que nenhuma tragédia ocorresse”, contou assustado o pecuarista.
A área onde fazendeiros têm os ranchos fica próxima a uma fazenda, e segundo Fleurimar os ranchos ficam em áreas particulares e os proprietários são juízes, empresários e fazendeiros. “As pessoas que tem os ranchos lá, são pessoas de bem, nós não invadimos nada compramos e é uma área onde passamos um final de semana para descansar e passar as horas, e os índios vieram nos roubar e armar todo esse circo”, explicou ele.
A área onde os índios invadiram fica a cerca de 27 quilômetros da Vila da Paz onde moram aproximadamente 100 famílias, o vilarejo pertence ao município de Vila Rica. A Tribo dos Caiapós ficava próxima a 400 quilômetros do local onde estava sendo invadido, não havendo nenhuma reserva indígena no local.
“Os índios pediam a presença da FUNAI ou da Polícia Federal, foram momentos de terror, eles intimidaram nós, foram até a Vila da Paz deram tiros assustando e intimidando os moradores, numa área particular e não em uma área indígena”, explicou.
No dia 12 os Índios fizeram refém um funcionário da Funai que estava sobrevoando o local pra ver o que estava acontecendo, os indígenas pediam a presença da Polícia Federal e exigiam a presença do presidente da Funai.
De acordo com informações extras oficiais a Polícia Federal estaria a caminho da região para ver de perto a situação. O funcionário da Funai que estaria amarrado, teria sido libertado.
“É um descaso o que está acontecendo passou mais de 13 dias e não apareceu a Polícia Federal, não tinha aparecido nenhum representante da FUNAI, os índios estavam todos armados e com armamento pesado e até agora nada foi feito, os índios só tem direitos, mas e os deveres?”, questionou Ferreira.
A área onde existe a pousada e também os ranchos são propriedades particulares e não pertencem a nenhuma reserva indígena, os índios estariam em uma briga na tentativa de aumentar ainda mais a reserva indígena pegando aquele pedaço de terra que beira o rio Xingu.
Os conflitos indígenas na região acontecem com frequência, a menos de 2 meses houve um outro confronto no Assentamento Porto Velho onde os índios reivindicam posse, porque segundo eles os fazendeiros estariam tomando posse de área indígena.