Um ano após o governo federal, Estados e municípios terem chegado a um acordo sobre compra e distribuição dos medicamentos mais caros fornecidos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), houve aumento do atendimento e economia de recursos. Nas últimas semanas, no entanto, algumas regiões registram racionamento ou falta de ao menos sete tipos de remédios.
O problema é mais grave em São Paulo, onde se encontra metade dos 900 mil pacientes beneficiados – e onde os governos federal e estadual vivem uma queda de braço sobre a causa dos desabastecimentos recentes.
Nas últimas semanas, São Paulo enfrentou a falta de drogas como adalimumabe (indicada para artrite reumatoide), tracolimo, sirolimo e micofenolato de mofetila (para transplantados), acetato de glatirâmer e betainterferona (esclerose múltipla) e leuprolide (terapia hormonal), segundo relato de pacientes. Pessoas que não têm outra alternativa para adquirir o medicamento – um remédio pode custar até R$ 8 mil ao mês – precisam enfrentar a burocracia e longas filas.
Há um ano, o Ministério da Saúde decidiu, em conjunto com as secretarias estaduais e municipais, centralizar a compra de 43 medicamentos para melhorar o poder de compra estatal e economizar. Outros remédios ficaram sob responsabilidade dos governos estaduais e municipais. A pasta estima que a medida já poupou R$ 220 milhões, suficientes para aumentar a quantidade adquirida dos remédios. A compra de algumas drogas quase dobrou.
O diretor de Assistência Farmacêutica do Ministério da Saúde, José Miguel do Nascimento Júnior, disse que São Paulo é o único Estado que apresentou problemas na distribuição de drogas de alto custo nas últimas semanas.
Em nota oficial, a Secretaria da Saúde de São Paulo destacou que, da lista de drogas em falta, havia desabastecimento pontual do leuprolide e da betainterferona. Segundo a pasta, a betainterferona chegou na última quinta-feira.
Em relação ao leuprolide, a secretaria diz que o laboratório Sandoz teve a comercialização da droga suspensa temporariamente pela Anvisa. "Só em 22 de setembro foi publicada a liberação de comercialização dos lotes", apontou a pasta, destacando que a regularização está em processo. Segundo a secretaria, o desabastecimento ocorreu porque o ministério considerou o consumo médio mensal em São Paulo, sem levar em conta novos pacientes.