Após ser divulgada as fragilidades da segurança nos presídios de Mato Grosso através de fotos e comentários feitas por um presidiário da Penitenciária Central do Estado (PCE) em seu perfil no Facebook durante várias semanas no mês passado, o secretário Antônio Pôssas de Carvalho, que comanda a Secretaria Estadual de Justiça e Direitos Humanos (Sejudh), pasta que administra o sistema prisional no Estado, falou sobre o assunto e tentou atribuir o fato à greve dos agentes penitenciários iniciada no dia 4 de abril. Ele reconheceu que antes do dia 10 de março, a pasta já sabia que o preso Anderson Couto de Araújo, 26, estava usando um celular para interagir pela rede social. Contudo, as postagens do presidiário mostram que até o dia 29 de março ele ainda tinha acesso ao equipamento com internet.
As declarações do secretário foram feitas durante entrevista à TV Record Cuiabá, nesta quinta-feira (11). As “mordomias” denunciadas pelo detento motivaram o juiz da 2ª Vara Criminal e de Execução Penal de Cuiabá, Geraldo Fernandes Fidélis Neto a publicar, no dia 10 de março, uma decisão pedindo providências ao governo de Mato Grosso para instaurar procedimento e investigar crimes ocorridos no interior dos presídios de Cuiabá. O condenado por homicídio Anderson Araújo ainda atualizou seu perfil por vários dias após a publicação da ordem judicial. “Já havíamos adotado medida administrativa e já conseguimos identificar os presos. Agora estamos encaminhando para a Justiça para o devido processamento criminal”, disse o secretário na entrevista.
Reprodução![]() Postagens de presidiário no Facebook continuaram até o dia 29 de março, mesmo após a pasta tomar conhecimento do fato |
Carvalho afirmou ainda que como punição administrativa os presidiários que apareciam se exibindo nas fotos jogando videogame e fumando cigarros, que eles insinuavam ser de maconha, vão perder benefícios como direito a visitação de parentes, e outras regalias que eles tinham. “De qualquer maneira nós já conseguimos buscar esses aparelhos que estavam lá dentro” disse o secretário sem mencionar quantos celulares foram apreendidos após a descoberta das postagens na rede social.
Ele disse ainda que isso ocorre devido a greve dos agentes prisionais deflagrada no dia 4 de abril. Mas vale reforçar que as postagens na rede social ocorreram em março, antes da greve. Em algumas fotos é possível identificar comentários do presidiário postados nos dias 4, 6, 9, 14 e 24 de março deste ano. “A gente não pôde fazer varreduras no presídio a partir do momento em que instaurou a greve”, justificou Carvalho. Questionado sobre o fato de a greve ter começado bem depois das postagens do preso, o secretário preferiu não polemizar reforçando que além do afrouxamento da fiscalização, a greve dos servidores impede que sejam feitas varreduras onde costumam ser encontrados os celulares e outros objetos ilegais dentro das celas.
Reprodução![]() Preso condenado por homicídio se exibe no Facebook jogando videogame com colegas de cela |
Em 2012 foram aprendidos dentro da PCE em poder dos presos um total de 443 celulares. O secretário aponta qual seria a solução para acabar com as mordomias e entrada de celulares nas unidades. “Para a gente resolver de vez esse problema estou com um programa já avançado, em fase final de estudo para bloquear todo o sinal de todos os presídios de Mato Grosso”. Carvalho enfatiza que esse programa bloqueia não só sinal de celular como também busca a internet wireless e o sinal de bluetooth de perto dos presídios. “Será um grande avanço. Fora isso, em decorrência desses fatos vamos adotar a partir da semana que vem a utilização de cães farejadores para as visitas que possivelmente podem levar esses equipamentos para dentro dos presídios”, pontuou.
Questionado sobre a forma de entrada de dos celulares nos presídios ele afirmou que “com certeza são as visitas que levam esses aparelhos para os presos”. Disse ainda que os visitantes são vistoriados e passam por um equipamento da raio x, mas as falhas segundo ele, se deve à greve dos agentes. “Com a greve, ficou um pouco mais afrouxado, tivemos que centralizar totalmente na parte da segurança dos presídios”.
Ele garantiu que todos os pré-motins e as tentativas de invasões ocorridas nesse período foram todas imediatamente impedidas com eficiência. “Já aconteceram umas 4 ou 5 em todo o Estado e nós até descobrimos um túnel em Cáceres ontem e hoje já está sendo tampado esse túnel próximo ao muro”, disse o secretário.