Priscilla Silva/ GD
O presidente da Academia Mato-Grossense de Letras Eduardo Mahon recebeu com preocupação a notícia da extinção da secretaria de Cultura do Estado. Através de sua rede social, facebook, Mahon cobrou o compromisso feito pelo governador eleito, Pedro Taques (PDT), durante a campanha eleitoral e, ainda, ressaltou a importância de se preservar a pasta, uma vez que os recursos destinados a mesma tem sido cada vez mais ‘escassos’.
A redução de sete secretarias do governo do Estado foi anunciada nesta quarta-feira (15) pelo coordenador da equipe de transição de governo, o prefeito licenciado de Lucas do Rio Verde, Otaviano Pivetta (PDT).
Em sua manifestação, o presidente da Academia de Letras do Estado recordou que durante a campanha, “todos os candidatos concordaram em empenhar orçamento fixo para a secretaria de cultura, apoiando o ensino de história, geografia, literatura mato-grossense, além da adoção da produção editorial regional nas escolas de rede pública”.
O corte das secretarias é uma das medidas que o futuro governo propõe para reduzir os gastos públicos para o primeiro anos em 20%.
Os então candidatos ainda assinaram a Carta Aberta da Casa Barão de Melgaço, em audições que promovemos em parceria entre a Academia Mato-Grossense de Letras e o Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso. “Pretendemos o cumprimento desses compromissos. Aqui está uma cobrança pública”.
O já escasso recurso para secretaria de Cultura e o anúncio da transformação da mesma em apenas um setor alocado dentro da futura Secretaria de Cidades e Desenvolvimento Regional (Secid) aumentou ainda mais o receio de uma futura desassistência ao setor cultural.
“O setor cultural é ressentido com as administrações estaduais e municipais. A pasta encontra-se estrangulada com orçamentos decrescentes ao longo dos anos, minando a capacidade de investimento e apoio às iniciativas que surgem”.
Atualmente o Mato Grosso não possui uma cena cultural consolidada, o que o transformou em um Estado ‘preterido’. “Tudo o que deveríamos ter aqui e não conseguimos por falta de visão estratégica. Investir na cultura é um dos aportes mais baratos e de maior retorno”.
Mahon recorda que a própria capital do Estado, não possui um teatro municipal, nem roteiro histórico, e muito menos a identificação dos casarões antigos instalados no centro de Cuiabá.
Reconhecimento – O escritor e também presidente da Casa Barão admite que a proposta de redução de gastos públicos é “louvável” para priorize a economia. “Todavia, convém lembrar que não é a extinção de uma secretaria que proporcionará o enxugamento da máquina administrativa”.
Mahon recorda que a ideia não é inovadora e que outros gestores já propuseram, “em nome da austeridade no início do mandato”, economizar recursos extinguindo secretarias.
Um dos maiores apoiadores de campanha de Pedro Taques, o prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes (PSB), foi um dos que anunciaram a segmentação da pasta de Cultura e unificação dela com a de Turismo. Porém, depois de muita pressão do setor cultural, Mendes, cedeu e manteve as duas secretarias.
“A cultura é um fenômeno muito mais amplo do que se imagina, abraçando inclusive a dança de rua, os esportes urbanos, competições e festejos seculares. Ainda assim, mesmo que reconheçamos a importância do diálogo entre cultura, turismo e esporte está claro que há especificidades que não comportam a pretendida fusão”, pondera o presidente da Academia Mato-Grossense de Letras.