Mato Grosso poderá passar da condição de importador para exportador de minérios. A perspectiva foi anunciada nesta quarta-feira (1º) pelo governador Silval Barbosa (PMDB), a partir da descoberta de 427 milhões de toneladas de fosfato (fósforo) e 11.500 bilhões de toneladas de ferro na Serra do Caeté, próximo a Mirassol D'Oeste (300 km a Oeste de Cuiabá).
Com o anúncio, Mato Grosso passa a ser o Estado com a maior mina de ferro já encontrada no Brasil, ganhando de Carajás, no Estado do Pará, considerada a maior a céu aberto do mundo, com reservas de aproximadamente 5 bilhões de toneladas de minério, segundo a Vale.
A descoberta faz parte do primeiro relatório do Projeto Fosfato Brasil, do Ministério de Minas e Energia, que, há cinco anos, realiza no Estado o mapeamento aerogeofísico para descoberta de minerais. Mato Grosso foi o primeiro a aderir ao projeto.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Comércio, Minas e Energia (Sicme), anualmente, o Estado consome 610 mil toneladas de fosfato, utilizado, principalmente, na produção de grãos e importante também para a recuperação de solos, já degradados por pastagem.
A produção anual destes grãos custa hoje a Mato Grosso R$ 8 bilhões e, com a descoberta da jazida, pode vir a reduzir custos de 2% até 5%, que significará uma diminuição de até R$ 400 milhões por ano.
Segundo o secretário da Sicme, Pedro Nadaf, Mato Grosso, que compra fósforo de São Paulo, Paraná e Israel, passaria para condição de importador para exportador do minério.
"Os 427 milhões de toneladas de fosfato representam 700 anos de consumo no Estado. Além disso, com estes números, passaremos a ser o segundo Estado com a maior quantidade de minério, perdendo apenas para Minas Gerais", disse.
Pré-sal de Mato Grosso
Para o governador Silval Barbosa, a descoberta é "apenas mais uma surpresa significativa, para um Estado gigante e que mostra tendências de crescimento superior a outras unidades da Federação".
"Este é o nosso pré-sal. O primeiro passo foi a descoberta. Agora, teremos uma segunda fase de atração de empresas para exploração dos minérios e, em seguida, a implementação da logística. Nossa perspectiva é de crescermos acima de 10% ao ano", disse o governador.
O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Rui Prado, apontou como significativa a descoberta de fósforo, que poderá, através da recuperação de pastagens, aumentar a produção sem trazer malefícios ao solo.
"Estamos caminhando para uma pecuária cada vez mais sustentável, recuperando áreas degradadas, causando menos danos ambientais e, ao mesmo tempo, aumentando nossa produção de carne. A descoberta do fosfato é essencial", disse.
Segundo o governador, após a descoberta, a proposta é que seja posto à disposição do mercado, para que comece a exploração. O Projeto Fosfato Brasil ainda continua em Mato Grosso.