Escrivão descobre amor pela carreira policial em ações operacionais e no trabalho investigativo

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  Camila Molina/Polícia Civil-MT

Um escrivão de polícia com sangue de investigador correndo nas veias. É assim que o policial civil Hélio Aparecido da Silva, escrivão-chefe da Delegacia de São José dos Quatro Marcos encara a rotina de trabalho, atuando com sede pelo esclarecimento de crimes e acreditando nos benefícios da unificação das tarefas de investigador e escrivão para alcançar a excelência nas investigações.


A garra e vontade de atuar além das suas funções com o fim de prestar um bom serviço policial certamente são heranças da época em que atuou como soldado de Exército Brasileiro, pouco antes de ingressar na Polícia Civil, em março de 2002.

Quando deixou o Exército, Hélio não pensava em ser policial, mas acabou fazendo o concurso para o cargo de escrivão da Polícia Civil de Mato Grosso e hoje se diz apaixonado pela profissão. No entanto, esse sentimento amor pela carreira não foi sempre assim.

Hélio lembra que quando ingressou na Polícia Civil, lotado na Delegacia de Rio Branco, foi que de fato conheceu o que era a atividade policial e teve uma grande decepção. “Eu esperava que encontraria uma polícia mais avançada, mas tive que, inclusive, trabalhar com máquina de datilografia e papel carbono, uma vez que o boletim de ocorrência era registrado em quatro vias. Tínhamos que revezar para usar o único computador disponível na delegacia para os trabalhos serem acelerados”, lembra.

Participação em operações

Foi quando já estava na Delegacia de São José dos Quatro Marcos, que o escrivão teve a oportunidade de explorar o lado mais operacional da profissão, iniciando a história de amor com a carreira policial. Na ocasião, os policiais participavam de uma diligência de tráfico de drogas na região de Porto Esperidião.

No dia seguinte, o então delegado da unidade, Walfrido Franklim do Nascimento (atual Diretor de Interior), mobilizou os policiais para relatar que as investigações tinham evoluído e que novas diligências seriam realizadas desta vez para apurar a atuação de pistoleiros na região.

“Foi então que ele olhou para mim e perguntou se eu iria com eles. Pela minha formação anterior de militar, prontamente aceitei. No final, acabamos deflagrando uma operação muito grande, com a desarticulação de uma organização criminosa com integrantes de uma facção do estado de São Paulo. O fato na época teve grande repercussão na sociedade e engrandeceu o nome da Polícia Civil”, conta o escrivão.

A ação mencionada pelo escrivão é a Operação Têmis, deflagrada em novembro de 2008 e que resultou na prisão de 11 pessoas envolvidas em uma série de crimes na região da fronteira, entre eles homicídios, receptação de veículos roubados e furtados e tráfico de drogas.

As investigações iniciaram com a localização de dois corpos em um canavial, na zona rural de Mirassol d’Oeste. As vítimas foram encontradas com sinais de tortura e sem marcas de perfuração. À polícia, uma testemunha revelou que as duas vítimas se conheciam e que teriam sido contratadas para um serviço de cobrança contra um traficante de Mirassol d’Oeste, em conjunto com três pessoas de Cuiabá. Cada pistoleiro receberia U$ 8 mil dólares pela “empreitada”.

Outro caso que marcou a carreira do escrivão foi um crime bárbaro de estupro, homicídio e ocultação de cadáver cometido contra uma adolescente de 17 anos em São José dos Quatro Marcos.  A notícia do desaparecimento da jovem foi comunicada na Delegacia no dia 29 setembro, pela família da adolescente, que informou que a garota havia saído na noite anterior para ir a um show sertanejo e não havia voltado para casa. O corpo da adolescente foi encontrado somente no dia 4 de novembro, em estado de  decomposição, numa região de serra, nas proximidades da localidade conhecida por Cacho, entre as cidades de Cáceres e Mirassol D’Oeste.

Um caminhoneiro de 29 anos, apontado como autor do crime, foi preso dias depois em Goiânia (GO). Enquanto era recambiado para São José dos Quatro Marcos, continuava negando a autoria do crime e só confessou os fatos após tomar conhecimento que a Polícia havia localizado o corpo.

“Foi um caso complicado, em que tivemos que bater muito a cabeça até a elucidação dos fatos, após 45 dias de investigação. As pistas iniciais apontavam para dois suspeitos e foram várias diligências até conseguirmos chegar ao verdadeiro autor. Fizemos um relatório policial minucioso, detalhando cada fato apurado, e mostrando uma investigação diferenciada de crime”, disse o escrivão.

O escrivão que descobriu amor pela profissão policial através do trabalho investigativo revela que diante da falta de efetivo, a atuação unificada das funções de escrivão e investigador traz bons resultados. “Durante os trabalhos, encontramos opiniões diferentes das nossas, mas essa troca de ideias ajuda no desenvolvimento das investigações. Eu acredito na ideia de que alguns escrivães têm esse perfil investigativo aguçado e podem nortear a atuação da Polícia Civil”,  destacou.

Com quase 20 anos de dedicação à Polícia Civil, Hélio diz que o trabalho como policial mudou muito sua vida, em especial o seu posicionamento diante dos problemas. “Eu era muito inibido, mas percebi que precisava me manifestar diante de certas situações, e esse é um posicionamento que passei a ter não só na vida profissional como na pessoal e que me ajuda diariamente no meu cargo que desempenho de chefe dos escrivães”, finalizou.

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