O empresário Kamil Abdel Zarour, 34, negou irregularidades em contratos firmados com o Governo do Estado em 2009 e que se tornaram alvo de inquérito aberto pelo Ministério Público Estadual.
o proprietário da empresa de eventos Kamil Abdel Zarour M.E., disse que as prestações de contas dos serviços contratados estão corretas e atribuiu as dúvidas a um "desconhecimento sobre como atuam as empresas do setor".
Entre os contratos sob investigação da Promotoria, consta o pagamento de R$ 115 mil pelo "apoio logístico" prestado pela empresa a uma equipe do programa Câmera Record, da TV Record, durante uma reportagem no Estado.
A conta incluía 400 diárias de garçom, 600 diárias de cenógrafo, 400 diárias de iluminador, 134 locações de palco e 5.000 conjuntos de mesas.
"O setor de eventos tem peculiaridades que a maioria das pessoas não conhece. Então, quando se deparam com uma prestação de contas, os números tendem a causar estranheza e levar a interpretações equivocadas", disse o empresário.
Um dos principais equívocos, segundo ele, é considerar que um evento dura apenas os dias em que está aberto oficialmente ao público.
"A preparação começa muito antes e termina depois. Todos estes dias têm custos e entram no orçamento final", observou.
Em nota ao site, a equipe do programa da TV Record disse que não recebeu o apoio.
"Em hipótese nenhuma na sua forma, muito menos na sua quantidade", disse o chefe de Redação do programa, Rafael Gomide.
Zarour, porém, afirmou que os serviços foram prestados. "Não participei diretamente do trabalho, mas posso garantir que a equipe recebeu o apoio, inclusive, com buffet", afirmou.
Para o Katoomba Meeting, evento ambiental que durou dois dias, foram cobradas e pagas 250 diárias de locutor, 250 diárias de manobrista, 250 diárias de digitador, 250 diárias de operador de áudio e 250 diárias de serviços de tradução.
"No caso dos manobristas, por exemplo, não houve atuação apenas no local do evento. Havia muitas autoridades presentes e foi necessário distribuir o serviço em outros locais da cidade, para garantir o traslado de todos os convidados, antes e mesmo depois do evento", disse.
A reinauguração do Cine Teatro Cuiabá, conduzida pela Secretaria de Estado de Cultura e realizada em um único dia, exigiu, segundo a empresa, o uso de 130 diárias de locação e montagem de palco.
O serviço cobrado, um total de R$ 183 mil, incluiu ainda a compra de 10 mil cartilhas, 10 mil blocos para rascunhos, 30 mil fotocópias e 2,5 mil conjuntos de mesa.
"Os eventos de reinauguração do Cine Teatro começaram 30 dias antes da solenidade. Ocorreram cursos e oficinas de arte, por exemplo. E cada palco, na verdade, se constitui em um módulo de pequeno porte", informou Zarour.
O empresário disse reconhecer que falhou à época ao não incluir na prestação de contas um detalhamento das circunstâncias em que cada serviço foi prestado.
Segundo ele, a representação aberta no Tribunal de Contas se deu em razão da falta dessas informações.
"Isso nem era exigido à época, mas foi o que passamos a fazer desde então: registrar tudo, inclusive com fotografias. Tanto é que não tivemos mais questionamentos no tribunal", disse.
Sobre os registros do Fiplan, que apontam um total de R$ 20 milhões em empenhos do Governo de MT à empresa desde 2007, Zarour disse que a soma efetivamente paga é de pouco mais de 10% deste valor.
"O restante se refere a pré-empenhos que nunca chegaram a se concretizar", completou.