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| Arquivo/GD Ex-deputada teria recebido R$ 700 mil que Silval lhe devia |
A Polícia Civil descobriu em sua investigação relacionada a quarta fase da Operação Sodoma que um cheque da SF Assessoria e Organização de Eventos Eirelli – ME, empresa criada pelo empresário Filinto Muller para lavar dinheiro na ordem de R$ 15,857 milhões, foi depositado na conta corrente da empresa J. Lisboa da Hora EPP, de propriedade do empresário Celso Ricardo Azóia, irmão da ex-deputada estadual e prefeita eleita de Juara, Luciane Bezerra (PSB).
A descoberta se deu após um depoimento do ex-secretário Pedro Nadaf, que afirmou ter usado parte do dinheiro desviado dos cofres públicos do Estado na fraude destinada a desapropriação do bairro Jardim Liberdade I, para pagar uma dívida de R$ 700 mil que o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) mantinha com a ex-deputada Luciane Bezerra.
No depoimento, Nadaf assegurou que Luciane Bezerra tinha pleno conhecimento de que o dinheiro recebido tinha origem ilícita.
Apesar disso, não há menção de algum valor a respeito do cheque depositado na conta-corrente. Diante dos indícios, a delegada Alexandra Fachone solicitou a abertura de um novo inquérito policial.
Como foi eleita prefeita de Juara no dia 2 de outubro, Luciane Bezerra, a partir da diplomação pela Justiça Eleitoral, só poderá ser investigada com autorização do Tribunal de Justiça por conta do foro por prerrogativa de função na esfera criminal assegurada aos prefeitos municipais.
O depoimento de Nadaf que revelou a Polícia Civil o pagamento a ex-deputada Luciane Bezerra, foi prestado no dia 25 de julho. Na ocasião, foi dito que o ex-governador Silval Barbosa quitou uma dívida de R$ 1 milhão.
De acordo com Nadaf, no ano de 2014, Silval Barbosa o convocou para ir a seu gabinete e revelou que possuía uma dívida com Luciane Bezerra.
A parlamentar teria dito a Silval Barbosa que não aceitaria mais receber os pagamentos por meio do chefe de Gabinete, Silvio César Corrêa de Araújo, que havia sido escalado para transferir o dinheiro em seu favor.
Luciane Bezerra teria cobrado que os pagamentos fossem feitos pelo ex-secretário Pedro Nadaf, considerado em sua avaliação uma pessoa mais confiável e de melhor trato para lidar com a situação.
A partir daí, Nadaf revelou que repassava pessoalmente o dinheiro à deputada Luciane Bezerra em reuniões previamente agendadas em seu gabinete no Palácio Paiaguás.
Para quitar a dívida por completo, Luciane Bezerra procurou Pedro Nadaf por quatro vezes em seu gabinete, no período de maio a agosto de 2014, oportunidade em que repassou mais R$ 300 mil.
Nadaf ressaltou em seu depoimento que não tinha conhecimento da origem da dívida de Silval Barbosa com Luciane Bezerra.
Porém, disse acreditar que a quantia milionária se devia a alguma atividade ilícita de ambos, o que gerou uma troca de favores da então deputada na Assembleia Legislativa.
Outro lado – A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa de Luciane Bezerra, mas até a publicação da matéria não houve retorno.
